23 de ago. de 2007

Operação II

Por Giulio Sanmartini

No dia 27 de julho de 1992, Cláudio Vieira, secretário da Presidência da República (Fernando Collor de Mello) depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava as denuncias contra o presidente da República e explicou a inventada Operação Uruguai que demonstraria a origem nebulosa do dinheiro que permitira ao presidente fazer gastos pessoais desprovidos de lastro. A fala de Cláudio Vieira teve que ser interrompida várias vezes pois estava levando os parlamentares às gargalhadas, tamanhas foram as inverossimilhanças, as contradições e o artificialismo de suas explicações.
Mudando de assunto:A perícia do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal, na documentação de defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), revelou falhas na operação montada por ele para justificar o crescimento de seu patrimônio de R$ 1,9 milhão e, por conseqüência, as condições financeiras de arcar com suas despesas pessoais.
Informa Ricardo Noblat que: O laudo apontou "atividade rural fictícia" em função da inexistência de gastos com custeio; tamanho do rebanho bovino menor do que o declarado; não comprovação da venda do número de bois declarados; recibo de venda para empresas fantasmas e para pessoas que negam a compra; e declaração indevida de verba indenizatória do Senado como renda.
O laudo apontou "atividade rural fictícia" em função da inexistência de gastos com custeio; tamanho do rebanho bovino menor do que o declarado; não comprovação da venda do número de bois declarados; recibo de venda para empresas fantasmas e para pessoas que negam a compra; e declaração indevida de verba indenizatória do Senado como renda.
O dado considerado mais grave pelos relatores do Conselho de Ética e até por governistas foi o de que não houve saques na conta bancária apresentada por Renan, de onde teriam saído os recursos levados pelo lobista Cláudio Gontijo à jornalista Mônica Veloso, como pagamento de pensão. Segundo a PF, no período de 2004 a 2006, não foram identificados saques em espécie ou transferências bancárias na conta corrente apresentada por Renan.
Renan Calheiros desde maio passado a cada sua explicação contestada, ele tapa o buraco com outra, agora criou sua Operação Uruguai.
Um amigo seu, o empresário Ildefonso Tito Uchoa, teria-lhe emprestado dinheiro a fundo perdido. Renan apresentou ao Conselho de Ética do Senado duas notas promissórias de empréstimos feitos junto à Costa Dourado Veículos, uma locadora de carros cujo dono é Uchôa. A primeira nota no valor de R$ 214 mil e a segunda de R$ 294 mil. Mas segundo a Polícia Federal, “os valores contratados [nos empréstimos] não foram informados nas declarações de Imposto de Renda [de Renan] e não constam nos contratos registrados em cartório”. Não se tratou de dois empréstimos, mas de dezenas de retiradas em espécie, periódicas, ocorridas nos primeiros meses de 2004 e 2005”.
Desse fato devem ser levados em conta alguns fatos:
Se o dinheiro inicialmente era do gado vendido, mas quando foi difícil manter essa história, as explicações começaram a mudar, deduz-se que o senador mentiu, não se sabe em qual da vezes e se em ambas.
Por que Renan Calheiros, que se diz inocente e perseguido não acionou judicialmente a revista Veja desde à primeira acusação que esta lhe fez?
Por fim, 3 meses depois das Operação Uruguai, Collor foi afastado da presidência e não mais retornou.
Espera-se que mesmo aconteça com o tão patife quanto Collor, Renan Calheiros.

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