28 de ago. de 2007

Às barricadas

Por Ralph J. Hofmann

Recentemente em função de diferentes artigos tenho ouvido de muitas pessoas que resistirão com a própria vida a subversão da ordem que está implícita na longa lista de desmandos que foi realizada até o momento impunemente, patrocinada pelo atual governo.
Creio que ainda não estamos em barricadas físicas, defendendo-nos com armas de fogo, paus e pedras contra o inimigo. Nosso combate hoje é de despertar a consciência do quão revoltante é o aviltamento de nossa consciência da ética. É demonstrar quão monstruosamente grandes são as feridas abertas pelo descaso com a coisa pública, transformada em instrumento de gratificação pessoal, ou de ideologias falhadas.
A longa lista de escândalos hoje publicada neste Blog, acima de 100, que não compilei e sim recebi pela internet de um anônimo, realmente consiste quase num roteiro de trabalho para nossas “maquis” do século XXI.
Algum grupo de pessoas com competência acima da minha deverá ter a capacidade de criar uma forma de avaliar o custo de cada um desses desvios de conduta. Quais os valores desviados, quais os valores interceptados, o que realmente se depreende disto. Quantos bilhões de reais fluíram para destinos não condizentes com a coisa pública. Qual a soma total estimada.
Certamente tal cálculo nos diria que os programas de assistência aos desvalidos, como o Bolsa Família são perfeitamente válidos e viáveis, mas também nos diria que se aplicados honestamente os valores desviados teriam nos permitido taxas de crescimento muito acima dos que temos enfrentado, já que este dinheiro provém em grande parte de dinheiro tomado no mercado, a juros atraentes, o que força para cima as taxas de juros de mercado, e geram os altos lucros dos bancos. A situação atual é que mesmo um banqueiro que soubesse que a longo prazo seus lucros representam um futuro negro para o país, não importa que hoje esteja lucrando, não poderá deter nada já que é o governo que estabelece sua remuneração alta.
A falta de crescimento, conforme tem sido dito e repetido perpetua a esmola institucional que é o Bolsa Família, pela falta de criação de novos empregos e de educação para o preenchimento de cargos cada vez mais complexos na medida que todos os setores, para funcionar rentávelmente, demandam tecnologias de ponta.
Há um complemento ao estudo de valores espoliados nos escândalos. Trata-se da soma dos valores orçados, porém contingenciados, nos diferentes ministérios. Das vacinas contra aftosa não aplicadas, dos radares não comprados, dos salários baixos para pessoas que estão fazendo aquilo para que ocupam cargos, das escolas sem professores, dos professores mal pagos, dos valores não usados para a finalidade dos instrumentos públicos afim de que se pague a indivíduos em cargos de confiança adicionais para que o PT receba seu dízimo.
Este tipo de informação será mais acachapante do que a própria constatação em si de caso por caso de corrupção, de desvio de valores, de manutenção de casas de encontro em Brasília, de assassinato de prefeitos e testemunhas.
Dará uma dimensão precisa do que estamos perdendo. De quanto nossa estrutura legal e política permite manietar o progresso do país.
Estão qualificados para executar estes cálculos os alunos de economia, ciências contábeis e atuariais, administradores, militares aposentados, peritos em informática e a população em geral em colaboração como os mesmos.
É a nossa barricada. É a fortaleza de onde podemos atingir o inimigo sem recorrer às armas. É a nossa munição neste momento.

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