Por Alfredo Guarischi - médico, Presidente da Comissão Nacional de Câncer do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Os honorários cobrados sobre uma causa tão complexa como a do mensalão, envolvendo a possibilidade de perda patrimonial, cassação de direitos políticos e prisão, não saem por menos de R$ 500 mil. Advogados experientes falam em até R$ 1 milhão, pesando na cifra o valor da causa e a “grife” do advogado contratado. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estabelece uma tabela em que os advogados podem cobrar entre 10% e 20% do valor patrimonial em causa.
O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas declarou que “ ...o trabalho de um advogado nessas condições é igual ao de um médico na UTI. O atendimento é intensivo, tempo integral. O profissional se dedica por inteiro e isso não é barato”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir o futuro político, patrimonial e liberdade de pouco mais de três dúzias de cidadãos acusados de crime de corrupção. Ninguém será condenado à morte. Nenhum dos acusados, ao que parece, vai precisar operar o coração pelo SUS. Creio que a grande maioria não precisa da medicina pública ou de planos de saúde que oferecem acomodações em enfermarias coletivas. Neste país em que as metáforas são utilizadas a todo o momento e a medicina continua em crise, cabe uma reflexão profunda. Por que esta metáfora comparando os honorários advocatícios ao dos honorários médicos?
O sistema de saúde brasileiro, há muitos anos, está em crise. No nordeste quase 90% da população depende exclusivamente do atendimento realizado pelo SUS; a perda patrimonial destes milhões de brasileiros não existe, pois não há patrimônio. O futuro político destas milhares de dúzias de cidadãos anônimos nunca existiu, apenas promessas. Estes “companheiros” são prisioneiros do voto de cabresto ou a esmola de bolsas, não vinculadas a programas sócio-educativos como inicialmente proposto. Muitos estão condenados à morte por falta de assistência social e médica.
No nordeste um cirurgião cardíaco recebe, em média, menos de R$ 100 por uma cirurgia pelo SUS. No sul-maravilha, do saudoso fradinho imortalizado por Henfil, os planos de saúde remuneram, pelo mesmo procedimento, menos de R$ 1500. Se aplicarmos a orientação da OAB estes valores podem estar equivocados, pois os 20% do patrimônio dos pobres nordestinos ou dos sul-maravilhenses correspondem à bem menos que estes valores.
O STF vai julgar e o povo espera que se faça justiça. Se apenas parte do dinheiro envolvido neste mensalão tivesse sido aplicado em saúde, o povo estaria menos doente.
Os advogados estão certos em cobrar de quem pode pagar e, pelo que foi publicado, os acusados do “mensalão” podem. Metáforas à parte, não cabe discutir os honorários destes advogados, mas a sociedade tem que discutir o preço de uma coronária, de uma verminose, de uma perna quebrada, de uma vida, enfim de uma lágrima. O Ministro da Saúde, Dr Jose Gomes Temporão, tem todo razão, o salário dos médicos é aviltante.
O presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas declarou que “ ...o trabalho de um advogado nessas condições é igual ao de um médico na UTI. O atendimento é intensivo, tempo integral. O profissional se dedica por inteiro e isso não é barato”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir o futuro político, patrimonial e liberdade de pouco mais de três dúzias de cidadãos acusados de crime de corrupção. Ninguém será condenado à morte. Nenhum dos acusados, ao que parece, vai precisar operar o coração pelo SUS. Creio que a grande maioria não precisa da medicina pública ou de planos de saúde que oferecem acomodações em enfermarias coletivas. Neste país em que as metáforas são utilizadas a todo o momento e a medicina continua em crise, cabe uma reflexão profunda. Por que esta metáfora comparando os honorários advocatícios ao dos honorários médicos?
O sistema de saúde brasileiro, há muitos anos, está em crise. No nordeste quase 90% da população depende exclusivamente do atendimento realizado pelo SUS; a perda patrimonial destes milhões de brasileiros não existe, pois não há patrimônio. O futuro político destas milhares de dúzias de cidadãos anônimos nunca existiu, apenas promessas. Estes “companheiros” são prisioneiros do voto de cabresto ou a esmola de bolsas, não vinculadas a programas sócio-educativos como inicialmente proposto. Muitos estão condenados à morte por falta de assistência social e médica.
No nordeste um cirurgião cardíaco recebe, em média, menos de R$ 100 por uma cirurgia pelo SUS. No sul-maravilha, do saudoso fradinho imortalizado por Henfil, os planos de saúde remuneram, pelo mesmo procedimento, menos de R$ 1500. Se aplicarmos a orientação da OAB estes valores podem estar equivocados, pois os 20% do patrimônio dos pobres nordestinos ou dos sul-maravilhenses correspondem à bem menos que estes valores.
O STF vai julgar e o povo espera que se faça justiça. Se apenas parte do dinheiro envolvido neste mensalão tivesse sido aplicado em saúde, o povo estaria menos doente.
Os advogados estão certos em cobrar de quem pode pagar e, pelo que foi publicado, os acusados do “mensalão” podem. Metáforas à parte, não cabe discutir os honorários destes advogados, mas a sociedade tem que discutir o preço de uma coronária, de uma verminose, de uma perna quebrada, de uma vida, enfim de uma lágrima. O Ministro da Saúde, Dr Jose Gomes Temporão, tem todo razão, o salário dos médicos é aviltante.
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