Ainda sobre a demagógica “Marcha das Margaridas” preparada para massagear o ego de Luiz Inácio Lula da Silva e de permitir-lhe falaciar em seus estéreis comícios diturnos escreve Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa.
DE MARGARIDAS E VAIAS
Ando muito impressionada com o destempero e o nervosismo demonstrados pelo presidente da República. Naquele palanque a que me referi na semana passada, ele grita, esbraveja, chega a ficar roxo. Mesmo quando é uma festa organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), como foi a fantástica ‘Marcha das Margaridas’.
Essa marcha, que reuniu 15 mil trabalhadoras rurais, superou o orçamento inicial de 10 milhões de reais. Muita gente colaborou com os gastos: além da Contag, órgãos federais (Caixa Econômica, Banco do Nordeste, Petrobrás), ONGs, movimentos sindicais e as próprias ‘margaridas’. Transporte, alojamento, comida, isso tudo custa dinheiro. Fora umas batas, ou capas, mais os chapéus de palha tinindo de novos, que elas envergavam como se fosse um uniforme de batalha.
Dinheiro, aparentemente, não é problema para o Brasil. Aqui o dinheiro rola fácil. Só ouço falar em milhões, bilhões. As cifras mencionadas são sempre altíssimas. Não é de estranhar, pois, os dez milhões gastos para que as ‘margaridas’ fossem até Brasília para o beija-mão anual. Foi uma festa e tanto. A presença da ministra Nilcéia Freire (titular da Secretaria de Política para as Mulheres [?]) transformou o evento num hino ao amor. Uma beleza. (foto)
DE MARGARIDAS E VAIAS
Ando muito impressionada com o destempero e o nervosismo demonstrados pelo presidente da República. Naquele palanque a que me referi na semana passada, ele grita, esbraveja, chega a ficar roxo. Mesmo quando é uma festa organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), como foi a fantástica ‘Marcha das Margaridas’.
Essa marcha, que reuniu 15 mil trabalhadoras rurais, superou o orçamento inicial de 10 milhões de reais. Muita gente colaborou com os gastos: além da Contag, órgãos federais (Caixa Econômica, Banco do Nordeste, Petrobrás), ONGs, movimentos sindicais e as próprias ‘margaridas’. Transporte, alojamento, comida, isso tudo custa dinheiro. Fora umas batas, ou capas, mais os chapéus de palha tinindo de novos, que elas envergavam como se fosse um uniforme de batalha.
Dinheiro, aparentemente, não é problema para o Brasil. Aqui o dinheiro rola fácil. Só ouço falar em milhões, bilhões. As cifras mencionadas são sempre altíssimas. Não é de estranhar, pois, os dez milhões gastos para que as ‘margaridas’ fossem até Brasília para o beija-mão anual. Foi uma festa e tanto. A presença da ministra Nilcéia Freire (titular da Secretaria de Política para as Mulheres [?]) transformou o evento num hino ao amor. Uma beleza. (foto)
Ficamos, eu e os meus botões, encucados com dois detalhes. O primeiro: porque o presidente, no meio desse convescote de pura felicidade, resolveu agredir as célebres elites e injuriado, negar que houve dinheiro público para a realização da marcha? “Mulheres que se dispõem a andar dias e dias de ônibus, passando privações, dormindo no chão, às vezes em colchõezinhos de um milímetro de espessura, ainda vem alguém dizer estas mulheres foram pagas pelo governo”.
Isso ele falou diante de um cartaz que anunciava o patrocínio de entidades públicas. Vocês sabem, a propaganda é a alma do negócio... A própria Contag reconheceu essa contribuição, sem mencionar valores dados por cada uma delas, o que teria sido mais correto. No entanto, o presidente negou qualquer ajuda. E, aproveitando a oportunidade, colocou mais uma peça nesse novo Brasil que teima em fundar: um Brasil dividido, cindido em dois, pobres contra ricos, norte contra sul.
O segundo motivo do meu espanto é o fato das ‘margaridas’ não terem exigido do ‘companheiro’ (que é como ele quer ser reconhecido pelas moças) que ele resolvesse, de imediato, os gravíssimos problemas nos hospitais de três estados do Nordeste, berço de um imenso número de ‘margaridas’.
Quando ele começou a falar mal das elites, elas deviam ter gritado: “Espera aí, companheiro, tem uma parte da elite que nos é muito necessária, que são os médicos. Sabemos que para chegar ao ápice, como você chegou, companheiro, não precisa estudo, nem diploma. Mas para ser médico, são muitos e muitos anos de estudo, é imprescindível que eles sejam parte da elite econômica, para que possam trabalhar e continuar a estudar em paz, nos ajudar a ter nossos filhos, a atender com toda a segurança as nossas famílias, e até a nos fazer compreender porque temos que aceitar a morte, quando ela for inevitável. Mas que seja nessa condição: inevitável, e não como aconteceu com essa menina alagoana que morreu por falta de hospitais e médicos”.
Podiam também perguntar ao presidente o que ele entende por elite e quem são os membros das tais ‘zelites’ de que ele tanto fala. Quem é o líder da elite política no Brasil? Quem ascendeu recentemente, e com louvor, à elite econômica? Quais são os hábitos das ‘margaridas’ da elite, que também plantam, só que flores perfumadas e bem coloridas? Quanto custa o tratamento de beleza mensal de uma senhora da elite? Qual o honorário de um bom advogado? Quanto é a consulta de um bom dermatologista? Quanto custa a manutenção de sua entourage?
Não sei se o presidente Lula responderia. Mas sei que para ele essas festas, mesmo quando nada espontâneas, são com água no deserto. As vaias são o mesmo que uma dose de cicuta. Já os aplausos e as flores, uma injeção de vida. É compreensível. E não acontece só com ele. Outros vaiados já confessaram que é mesmo acachapante ouvir esse som. Tom Jobim e Chico Buarque receberam uma vaia, no Maracanãzinho, que ficou na história da MPB. O público vaiava a doce e linda ‘Sabiá’. Acontece.
Há um instrumento de busca na Internet, que só pode ter sido invenção do capeta, o youtube, que tem exemplos curiosíssimos de vaias. O que mais chama a atenção é o último discurso de Nicolai Ceausescu, Secretário-Geral do Partido Comunista Romeno. Tendo governado aquele país por 24 anos, recebera sempre flores e muitos aplausos, naquelas imensas manifestações que os países comunistas tanto apreciam. Até o dia em que, no meio de um discurso como os outros, aplaudido e florido, irrompe uma vaia... A perplexidade do romeno! Só vendo.Vale a pena ir ao youtube e digitar seu nome.
Era mais uma elite que deixava de ser elite. È da natureza das elites serem transitórias. Sic transit gloria mundi. Tudo passa. Até as vaias e os aplausos. Diz uma célebre ária que a mulher é muito volúvel, qual pluma ao vento. Criamos essa fama, fazer o quê? Apenas lembro que multidão é substantivo feminino.
Diante disso, recomendo ao presidente Lula que não se deixe levar pelo rancor. Aprenda com a ministra Nilcéia: o amor é a salvação. Ou com a ministra Martha: relaxe, presidente. Curta bem o seu momento elite. Viva essa energia, não desperdice essa alegria.
À espera do que farão os meritíssimos juizes do STF, com a denúncia encaminhada pelo insigne relator ministro Joaquim Barbosa, aqui fico, desejando que tudo corra como deve correr, para o bem do Brasil e de todos nós, neste 24 de agosto que há de resgatar sua boa imagem, 53 anos depois de ter sido tão amargo para o país.
Isso ele falou diante de um cartaz que anunciava o patrocínio de entidades públicas. Vocês sabem, a propaganda é a alma do negócio... A própria Contag reconheceu essa contribuição, sem mencionar valores dados por cada uma delas, o que teria sido mais correto. No entanto, o presidente negou qualquer ajuda. E, aproveitando a oportunidade, colocou mais uma peça nesse novo Brasil que teima em fundar: um Brasil dividido, cindido em dois, pobres contra ricos, norte contra sul.
O segundo motivo do meu espanto é o fato das ‘margaridas’ não terem exigido do ‘companheiro’ (que é como ele quer ser reconhecido pelas moças) que ele resolvesse, de imediato, os gravíssimos problemas nos hospitais de três estados do Nordeste, berço de um imenso número de ‘margaridas’.
Quando ele começou a falar mal das elites, elas deviam ter gritado: “Espera aí, companheiro, tem uma parte da elite que nos é muito necessária, que são os médicos. Sabemos que para chegar ao ápice, como você chegou, companheiro, não precisa estudo, nem diploma. Mas para ser médico, são muitos e muitos anos de estudo, é imprescindível que eles sejam parte da elite econômica, para que possam trabalhar e continuar a estudar em paz, nos ajudar a ter nossos filhos, a atender com toda a segurança as nossas famílias, e até a nos fazer compreender porque temos que aceitar a morte, quando ela for inevitável. Mas que seja nessa condição: inevitável, e não como aconteceu com essa menina alagoana que morreu por falta de hospitais e médicos”.
Podiam também perguntar ao presidente o que ele entende por elite e quem são os membros das tais ‘zelites’ de que ele tanto fala. Quem é o líder da elite política no Brasil? Quem ascendeu recentemente, e com louvor, à elite econômica? Quais são os hábitos das ‘margaridas’ da elite, que também plantam, só que flores perfumadas e bem coloridas? Quanto custa o tratamento de beleza mensal de uma senhora da elite? Qual o honorário de um bom advogado? Quanto é a consulta de um bom dermatologista? Quanto custa a manutenção de sua entourage?
Não sei se o presidente Lula responderia. Mas sei que para ele essas festas, mesmo quando nada espontâneas, são com água no deserto. As vaias são o mesmo que uma dose de cicuta. Já os aplausos e as flores, uma injeção de vida. É compreensível. E não acontece só com ele. Outros vaiados já confessaram que é mesmo acachapante ouvir esse som. Tom Jobim e Chico Buarque receberam uma vaia, no Maracanãzinho, que ficou na história da MPB. O público vaiava a doce e linda ‘Sabiá’. Acontece.
Há um instrumento de busca na Internet, que só pode ter sido invenção do capeta, o youtube, que tem exemplos curiosíssimos de vaias. O que mais chama a atenção é o último discurso de Nicolai Ceausescu, Secretário-Geral do Partido Comunista Romeno. Tendo governado aquele país por 24 anos, recebera sempre flores e muitos aplausos, naquelas imensas manifestações que os países comunistas tanto apreciam. Até o dia em que, no meio de um discurso como os outros, aplaudido e florido, irrompe uma vaia... A perplexidade do romeno! Só vendo.Vale a pena ir ao youtube e digitar seu nome.
Era mais uma elite que deixava de ser elite. È da natureza das elites serem transitórias. Sic transit gloria mundi. Tudo passa. Até as vaias e os aplausos. Diz uma célebre ária que a mulher é muito volúvel, qual pluma ao vento. Criamos essa fama, fazer o quê? Apenas lembro que multidão é substantivo feminino.
Diante disso, recomendo ao presidente Lula que não se deixe levar pelo rancor. Aprenda com a ministra Nilcéia: o amor é a salvação. Ou com a ministra Martha: relaxe, presidente. Curta bem o seu momento elite. Viva essa energia, não desperdice essa alegria.
À espera do que farão os meritíssimos juizes do STF, com a denúncia encaminhada pelo insigne relator ministro Joaquim Barbosa, aqui fico, desejando que tudo corra como deve correr, para o bem do Brasil e de todos nós, neste 24 de agosto que há de resgatar sua boa imagem, 53 anos depois de ter sido tão amargo para o país.
Um comentário:
É como no gabão. pode-se ter quantas mulheres desejarem.
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