3 de ago. de 2007

A vaia de todos

Por Eduardo Mahon - advogado

Como se sabe, há vários tipos de protesto. Os mais educados são convenientemente desentendidos pelas autoridades que sofrem a oposição. Assim, sobre manifestações contundentes, seja pela força da ação ou pelo empenho no verbo. Foi o caso da hipnose coletiva ocorrida em Cuiabá, onde o povo foi afastado para que não houvesse a vaia que o Presidente da República merece. Ao que tudo indica, Lula tem a capacidade de comprar mais do que a consciência da classe mais pobre com suas cestas básicas e chequinhos mensais.
Os investimentos inéditos em Cuiabá e em Mato Grosso precisam mesmo ser comemorados. Mas não precisamos identificar como favor pessoal do governante e sim uma gama de interesses políticos que norteiam a aplicação de verbas públicas. Desse modo, seguem os parabéns para a bancada mato-grossense, governador e prefeito. Daí, abafar vaia na marra, já é demais.
Forçoso reconhecer que para o poder migram quase todos, porquanto quase todos têm seu preço. E, na modernidade, onde dançam as ideologias ao sabor da caixa registradora dos gestores públicos, infelizmente o Poder Executivo virou centro de gravidade para que os demais o rodeiem, como moscas em padaria. Além da postura de vassalagem, triste para alguns titulares de cargo público, ocorreu mais em Cuiabá: além da habitual claque governamental para aplaudir que realmente precisa de aplauso para auto-afirmação, afastou todos aqueles que querem, podem e vem se manifestar contrariamente ao governo federal.
Essa repressão ao público, às oposições e ao direito de informar e de manifestação política, conjugada com um servilismo que afeta a independência das instituições republicanas, faz do atual cenário jurídico-político nacional e regional, um teatro de fantoches, onde o que realmente importa não é mais os antigos conceitos sobre a própria função e posição na sociedade e sim o quanto do naco orçamentário a empresa pública, entidade privada ou instituição irá receber.

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