18 de set. de 2007

Briga de Cachorro Grande

O governo percebeu que a vitória de Renan Calheiros de tão escandalosa que foi, transformou-se numa retumbante derrota de conseqüências imprevisíveis e botando em xeque o próprio governo.
Carlos Chagas faz ver em pé ficou a coisa.
“Caso não tenha sido adiado, o encontro entre o presidente Lula e o senador Renan Calheiros, hoje, no Palácio do Planalto, exprimirá mais um espetáculo explícito de enxugar gelo e ensacar fumaça. Porque nem Lula pedirá ou sequer recomendará que o senador se licencie ou tire férias da presidência do Senado e do Congresso, nem Renan aventará a hipótese.
Seria uma descortesia o presidente da República sugerir ao chefe de outro poder afastar-se do cargo. Apenas na teoria, claro, o senador por Alagoas disporia do direito de fazer a mesma sugestão, só que às avessas.
A conversa, conforme se imagina, versará sobre o funcionamento do Senado, depois da crise que envolveu o julgamento de Renan. O que interessa ao presidente Lula, de início, é ver aprovada a prorrogação da CPMF. Na Câmara não haverá dificuldade, mas entre os senadores será preciso muito trabalho. E Renan se disporá a trabalhar ao máximo. Se é que, ainda desgastado pelos acontecimentos recentes, necessitará de muito apoio, a começar pela bancada do PT, que Lula mobilizará.
A conversa de hoje, assim, terá como pano de fundo a importância de ser recomposta a unidade do bloco governista no Senado. Feridas continuarão abertas. Para fechá-las, certamente os dois presidentes apelarão para José Sarney, cuja importância para o sucesso tanto do governo quanto de Renan torna-se imprescindível.
O ex-presidente foi dos que, em surdina e com toda a diplomacia, sugeriram a Renan que tirasse no mínimo umas férias prolongadas - conselho rejeitado também com todos os instrumentos da cordialidade.
O que de pior poderia acontecer ao governo seria a rejeição, pelo Senado, da prorrogação do Imposto Sobre o Cheque. Como tempo hábil ainda existe, até 31 de dezembro, a previsão é de que o debate, no Senado, venha a se travar entre governo e oposição, não mais entre oposição e Renan”.

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