20 de set. de 2007

Pau que nasce torto, não tem jeito morre torto, diz o dito popular

Por Chico Bruno

Esse dito popular se encaixa como uma luva na política brasileira. O Renangate trouxe novamente a ribalta à discussão sobre o fim do voto secreto, o que já havia ocorrido ano passado com a absolvição dos deputados acusados de receber o Mensalão.
Vale lembrar, que os deputados aprovaram, por larga margem, em primeiro turno o fim do voto secreto em setembro de 2006. Ao invés de colocar em votação, o projeto do deputado Antônio Fleury, em segundo turno suas excelências engavetaram o dito cujo.
Essa é uma atitude recorrente no Congresso Nacional. Sempre que são pressionados pela mídia e a sociedade, suas excelências retiram da cartola uma solução e a encaminham, mas sempre ficam pelo meio do caminho quando sentem que a pressão popular diminuiu.
Foi o que aconteceu ano passado com o fim do voto secreto. O mesmo deve acontecer agora, haja vista, que senadores e deputados não se entendem. A Câmara dos Deputados tem um projeto que acaba com o voto secreto em todos os legislativos, já aprovado em primeiro turno. Essa é a solução mais rápida para se atingir o objetivo.
Mas qual o quê. Os senhores senadores estão preferindo aprovar outro projeto. Isso demonstra que o Congresso Nacional não quer chegar a lugar nenhum. Quer continuar estacionado no meio do caminho.
Se os parlamentares federais não se entendem entre si, imaginem os outros, os deputados estaduais e vereadores.
Um exemplo disso aconteceu na assembléia baiana. O texto de Rita Conrado, do jornal A Tarde explica tin-tin-por-tin-tin o que está acontecendo.
“Tarde tumultuada na Assembléia Legislativa do Estado, em torno do requerimento do deputado Edson Pimenta (PCdoB) que sugere o estabelecimento do voto aberto no Parlamento. O que seria uma tendência normal, num governo que propõe transparência e num momento em que é aprovado projeto semelhante no Senado, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de Pimenta tornou-se pivô dos embates entre oposição e governistas, valendo do deputado Gildásio Penedo (DEM), líder da minoria, a observação: “Nem a ortodoxia do carlismo fez imposições assim nesta Casa”. A bancada de oposição considera o voto aberto uma manobra do governador Jaques Wagner para controlar os parlamentares da base aliada, que tem o PMDB, do ministro Geddel Vieira Lima, com o maior número de deputados.”
Vale lembrar, que os democratas, no plano federal, querem colocar um ponto final no voto secreto, mas no plano estadual, como o exemplo baiano, eles são contra o voto aberto. Isso demonstra que os partidos brasileiros são frágeis, pois não conseguem impor um pensamento único sobre nenhuma questão.
O fim do voto secreto é um deles. Partidos não têm uma opinião única sobre o tema, senadores atiram para um lado, deputados federais para o outro e a sociedade fica a ver navios. É que o pau que nasce torto, não tem jeito morre torto.

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