3 de set. de 2007

Por Favor, NÃO Dividam o Sorvete

Por Fabiana Sanmartini

Citando a antropóloga Elizabeth Marshall Thomas, autora do livro “A vida secreta dos cães” onde relata a divisão de um soverte de casquinha, num dia de verão, por seu marido e cachorro:
“Durante 8 anos meu marido e esse cachorro tinham convivido criando uma relação baseada na recíproca confiança e na relação de direitos e deveres de um com o outro. Sem que um se sentisse dono do ou procurasse submetê-lo. Somente em uma situação como esta, em que ambos os companheiros, se considerassem em igualdade, essa cena poderia acontecer. Somente um cachorro que não tivesse sofrido uma excessiva lavagem cerebral em seu treinamento, que dependa em seu comportamento mais de suas observações e da sua imaginação que da obediência, poderia adotar aquele método assim humano de imitar as lambidas alternadas.”
Com este trecho volto aos mitos conforme o combinado. É comum acharmos que inteligentes são os “cães de circo”, aqueles que dão a pata, rolam, fingem-se de mortos e tantos outros truques que vemos costumeiramente. Estes sempre me lembram crianças que por conta da “insanidade” de seus “irresponsáveis” acabam tornando-se adultos em miniatura. Crianças se sujam naturalmente quando brincam e cães abanam o rabo quando estão felizes. Então suspeite que algo não vai bem se nossos filhos chegam da escola limpinhos e se nossos cães não fazem festa, neste caso é melhor que procuremos um tratamento. Nós, não eles, ambos aprendem por repetição, por exemplo, e não podemos esquecer que também possuem vontades e gostos próprios. Não é preciso ser um treinador experiente para que seu cão seja social. É preciso apenas lembrar que ele como você é um provido de humores, bons ou maus. E que o cão não É seu, ESTÀ seu, desta forma ficará mais fácil lidar com ele, respeitando seus espaços, lembrando que ele é um animal e que, portanto tem necessidades diferentes das nossas. Alimentares, por exemplo, são gritantes, então se lembre que a criação do laço maior que é a almejada cumplicidade entre animais e humanos, não deve passar pelas chantagens alimentares. Existem petiscos próprios para os caninos que não os farão passar mal. Com o passar do tempo, a convivência e o respeito mútuo, no caso dos cães é nosso dever ensiná-los como respeitar-nos, por exemplo, não comendo nosso sapato e menos ainda a parte não lida do livro, a cumplicidade vai aparecendo. Quando dizemos que o cachorro de fulano é a cara dele, estamos parabenizando o dono por alcançar o patamar mais alto da amizade canina-humana. Não me refiro a aparência física, estas muitas vezes também fica parecida. Eu, por exemplo, não me acho parecida com a Anita (Bulldog Francês) apesar de ambas podemos ter feições de pouco amigas quando amuadas. Quanto a Graviola (Poodle) esta me acompanha nas leituras e artigos. Não poderia me esquecer do Helmout (Schanuzer), um cão de negócios por excelência, homem sério com sua longa barba cinza, do Pivete (Shih-tzu), bem da minha filha mesmo, sempre pronto para uma traquinagem. Assim, como podem ver, com algum conhecimento de causa, formamos uma família de humanos e caninos satisfeitos e de bem com a vida. Para vocês que ainda não tem um amigo incondicional e sofre com as pressões comuns da rotina diária, vale à máxima: “Cão é a melhor terapia”. Ah, mais, por favor, não dividam com eles seu sorvete!

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