21 de set. de 2007

Um Brasil Ignoto

Por Giulio Sanmartini

A borracha tornou-se um artigo indispensável para o mundo industrializado desde 1880. Mas tinha um problema, a hevea brasilensis Muell (seringueira) era uma árvore só era encontrada e em estado nativo na Amazônia. Com o advento da industria automobilística, o produto tornou-se ainda mais importante para a fabricação de pneus.
A Amazônia brasileira enriqueceu, chegou a ser a capital mundial da venda de brilhantes. Construiu seu teatro para a música lírica com cantores vindos da Europa. Mas como todos os monopolistas, os produtores abusavam. Foi assim que antes de Grande Guerra, os ingleses com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir látex na Malásia com maior eficiência e produtividade. Conseqüentemente, com custos menores e preço final menor, o que os fez assumir o controle do comércio mundial do produto.
Henry Ford, dono da fabrica de automóveis estadunidenses que leva seu nome, em 1927 resolveu seguir o mesmo sistema inglês em Sanatarém (Pará) onde fez a cidade de Fordlândia (foto), comprou grandes glebas de terra para implantar seu projeto, que no fim fracassou .
Esta teria sida a primeira grande ocupação de estrangeiros nas terras da Amazônia, outros projetos se seguiram, merecendo mensão o Jari do estadunidense Daniel Ludwig, que pretendia fornecer celulose para o mundo inteiro, mas que teve o mesmo destino de Fordlândia.
A região continua uma grande incógnita para o mundo inteiro, não se tem uma real conhecimento das riquezas que encerra. Sabe-se que sua flora está sendo sistematicamente devastada.
Carlos Chagas escreve sobre a Amazônia e os perigos de ser invadida “pacificamente”:
“Pleno de orgulho cívico, o presidente Lula declarou em Manaus "que a Amazônia tem dono", referindo-se à cobiça internacional sobre a região. Palmas para ele, por defender a soberania nacional, mas tem um problema: se somos donos da Amazônia, e se pretendemos preservá-la, por que o governo está vendendo a floresta?
Por projeto de lei proposto por Fernando Henrique Cardoso e aprovado no Congresso depois da posse de Lula, qualquer estrangeiro pode arrendar por 40 anos, renováveis por mais 40, glebas amazônicas do tamanho do Estado de Sergipe, com licença para explorar madeira e sem licença, mas tanto faz, para exportar espécies variadas da flora, além de prospectar minerais nobres.
Tempos atrás, um bilionário europeu já proprietário de parte da Amazônia recomendou a outros colegas que comprassem o quanto pudessem, pois era "um bom negócio". Bom negócio para quem, cara-pálida?
Mudaram de tática, os governos e as multinacionais interessados em dominar a Amazônia. Antes, conforme se pronunciaram François Mitterrand, Felipe Gonzales, Margaret Thatcher, Al Gore, Gorbachev e até, last but not least, George W. Bush, a palavra de ordem era internacionalizar a floresta, sob a alegação de constituir-se pulmão do mundo e outras bobagens. Naqueles idos, até os heróis de desenhos animados e histórias em quadrinhos freqüentavam a Amazônia, sempre lutando contra fazendeiros e policiais brasileiros que pareciam bandidos mexicanos.
Do Super-Homem à Mulher Maravilha, eles apareciam providencialmente para resgatar criancinhas e tribos indígenas da escravidão e da truculência dos brasileiros. O plano era fazer a cabeça das novas gerações para quando "internacionalizassem" a Amazônia ou reconhecessem como "nações" indígenas as tribos vivendo sob a proteção do nosso poder público.
Como mandar os "marines" saltarem de pára-quedas pode ser um risco igual ao enfrentado no Vietnã, partiram para a invasão branca, muito mais barata e facilitada por nós.
Multiplicaram o número de ONGs fajutas, interessadas em proteger as árvores e os índios, amplamente financiadas conforme o mesmo objetivo. É possível que nem o Incra nem a Abin disponham de informações a respeito da quantidade de pedaços da Amazônia já foram alienados aos estrangeiros. Do PT, não se tem notícia sequer de uma iniciativa em favor de nossa soberania. Muito menos da chamada grande imprensa, onde até determinados veículos funcionam
a favor da alienação. Apesar de tudo, a Amazônia tem dono...

Nenhum comentário: