3 de out. de 2007

CC – cargo em comissão? / cheiro de corpo?

Por Ralph J. Hofmann

Nos anos sessenta quando eu freqüentava o curso de Administração da UFRGS, comentávamos no cafezinho o absurdo que era algo como 15 funcionários por aluno na Universidade Federal do Paraná.
Os meus companheiros de conversa eram professores conhecidos De repente fomos quase que atacados por outro professor.
Alegava que num país pobre é o estado que tem de empregar. E outras baboseiras mais.
Era o “parti pris”. Não era opinião, era dogma. Nós ligados a empregos na indústria não podíamos concordar. Víamos o "custo Brasil" já naquela época, compensado por prêmios fiscais que nos deixavam vulneráveis a ações de Dumping e Countervailing.
Bom, passaram -se uns quarenta anos. O Brasil hoje é um país grande e com condições de gerar empregos. O custo de um assentado é quase duas vezes o custo de geração de um emprego em indústria e comércio, com a diferença de que esses últimos custos são ressarcidos pela arrecadação e de que os assentados jamais poderão viver bem com a receita de seu trabalho rural.
Mas o dogma, expressado por Lula, que gastou em cinco anos uns R$ 58 bilhões em cargos em comissão e que caminha celeremente para mais de R$ 130 milhões/ano em cargos em comissão é de que eficiente é o estado que emprega para pagar salários.
E ainda quer brigar por uma CPMF que recolhe R$ 38 bilhões!
Isso é um insulto para todo aquele que já pregou um prego, carregou uma caixa num caminhão ou datilografou uma lauda a serviço neste país.
Quantas pessoas deverão trabalhar para manter essa chusma contemplada pelo governo. Podem ser boas pessoas. Podem até estar precisando do emprego.
Mas basta sair do prédio onde moro e conversar com os porteiros. Um administra o dia-a-dia do prédio em dias impares e é baterista de diversas bandas.
O outro quando não trabalha no prédio é garçom. Troca de fim-de-semana com o colega para que possa trabalhar nos melhores, mais rentáveis eventos.
Um terceiro hoje se dedica ao conserto de sapatos. Começou isto como bico para ajudar no rancho e acabou treinando filhos, e genros e passaram a percorrer a cidade buscando e entregando sapatos. O bico tornou-se seu negócio principal.
Quem lhes ofereceria um CC. Ninguém. Viram-se como podem e já atingiram certo nível de vida. Possuem telefone fixo, celular, TV de qualidade, roupas adequadas e tudo mais.
E pagam R$ 38 bilhões de CPMF. Fizeram eles mesmos seu futuro.
Não para que o SUS opere melhor. Nem mesmo para cobrir as pensões do não-financiado FUNRURAL.
Para sustentar as pessoas que, do alto de sua prepotência alguém decide serem merecedoras de um emprego CC.

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