14 de out. de 2007

Desleal com os amigos

Conta-se, que de uma feita, o presidente Lula pediu a Renan Calheiros um ficha de telefone pois precisava fazer uma chamada. Renan deu-lhe duas, quando Lula perguntou pra que a o outra Renan respondeu: “Para poder ligar ao único amigo que você tem, pois não existem duas pessoas que te suporte.”
A pior coisa do presidente da República é a falta de lealdade para com os amigos que o atenderam quando precisou, dentro de sua moral vesga são todos produtos descartáveis, usas-se e depois lixo!
Assim fez com todos a começar, por exemplo, com o delinqüente José Dirceu. Que foi malvadamente descartado. Agora pode ter acesso ao Palácio do Planalto, fazer suas negociatas, conversar com Lula quando quer, mas perdeu o ópio que o persegue toda a vida: o poder desmesurado.
Sérgio Pardellas mostra ruindade que Lula fez agora com Renan Calheiros, que está muito magoado com o “ex-aliado”: O presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), claro, não fala abertamente, mas está magoado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, não lhe comunicou, nem por telefone, muito menos pessoalmente, quando decidiu licenciar-se da presidência da Casa por 45 dias.
Em outras primaveras, Lula teria merecido a deferência. Para o peemedebista, no entanto, o inverno pelo qual passou poderia ter sido mais ameno, caso Lula não desse de ombros para o seu calvário pessoal desde o dia 12 de setembro, quando, embora absolvido em plenário, viu seu cacife político comprometido na Casa. Para o presidente, outros outubros virão. Para Renan, talvez não.
Ainda convencido de que é credor do presidente pelo incondicional apoio hipotecado durante a fase mais aguda da crise do mensalão, Renan acha que Lula poderia ter domado o PT quando restou patente uma divisão do partido, liderada pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), e , conseqüentemente, evitado que a situação ficasse insustentável para ele nos últimos dias.
Mas não. Na avaliação de aliados e amigos mais próximos de Renan, Lula levou ao pé da letra aquilo que recitou em encontros e reuniões com presidentes de partidos no Palácio do Planalto: que Renan era um assunto do Senado e ponto final.
Aliás, o presidente, na avaliação de pessoas próximas a Renan, se envolveu, sim. Mas para preservar no Senado a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF. Foi pela CPMF que Lula entrou em campo e instruiu o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), a costurar o entendimento. Quem conversou com Jucá, durante a semana, conseguiu ler nas entrelinhas qual era a
preocupação do Palácio do Planalto

5 comentários:

jagat disse...

Giulio, não posso concordar. Peço que reflita sobre o que disse: "A pior coisa do presidente da República é a falta de lealdade para com os amigos".Considerando que ele é cercado de pilantras, essa deslealdade, longe de ser um defeito, seria uma das suas raras qualidades. Ele fez "uma ruindade com o Renan Calheiros"? Mas isso foi ótimo, enfim algo que posso elogiar.Tudo o que posso admirar é que ele seja bastante desleal com a turma do mensalão, com a turma do dossiê, com a turma dos renans, e com todos os corruptos que o cercam.Torço para que vc esteja certo quanto a essa deslealdade, que ela seja real e não apenas aparente como desconfio que seja.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Vou discordar um pouco do Jayme (agora sim, hein, guri!). Para um apedeuta todos são laranjas (no sentido de aproveitar o sumo e jogar o bagaço fora).
Até na cadeia, entre marginais, existe a 'ética de bandido', só que lá, quando a tal ética é ferida, o sujeito é eliminado.
Aqui, há defesa do cúmplice só para consumo externo. Para o consumo 'interno', é laranja.

Este comentário não significa, sob nenhuma hipótese, defesa do Renan mas, sabendo que ele faz arquivos, há muito para expor quando lhe for interessante. É o que esperamos...

jagat disse...

Magu, fique à vontade para discordar. Eu sei que estou longe de ser uma unanimidade. Além do mais, estamos olhando para aspectos diferentes. Uma coisa é o Lula pessoa e outra é o Lula presidente. A mim só importa o Lula presidente e no elenco do que espero dele "enquanto presidente" não está a qualidade pessoal da lealdade aos amigos. Mas não estou tentando convencer. Admito que alguém queira vê-lo como um todo, único e indivisível. Nessa caso cabe sim imputar-lhe o defeito de caráter de ser desleal. Mas essa trilha leva longe pois caberiam muitas outras imputações de características pessoais indiferentes ao desempenho do cargo. Se já é dificil termos um "gerente" competente imagine esperarmos que além disso ele seja uma pessoa sem defeitos. Minha expectativa é mais modesta.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

É meu hábito, por respeito, sempre dirigir-me ao editor do 'post'.

Respondendo ao Jayme, sabendo que não é unânime (nem Cristo o foi), me desculpar se meu texto erradamente induziu a um julgamento da pessoa. Não tenho esse hábito, mesmo porque também não quero ser julgado. Se pretendesse esse resultado, teria me referido ao molusco de uma forma bem mais ampliada, pois conheço bem o 'cumpanhero' desde o tempo do sindicato dos metalúrgicos, e olha que vai tempo nisso. Não votei nele nem para o cargo daquele sindicato.
Meu comentário anterior vai na direção de sua linha de pensamento mesmo. Só me atrevo a 'julgar' os resultados dos atos como representante máximo (ai!) da nação e como representante maior do partido 'glorioso', pois imagino que tenho esse direito como cidadão depositante de voto, como você já se referiu. Eu sou um daqueles 'votantes' cujo voto vale muito menos que o dos nordestinos e nortistas, por exemplo, por conta dos erros crassos dos quantitativos de representatividade da legislação eleitoral.

jagat disse...

Giulio, acabo de ler no site do Globo.com que a parada gay de Copacabana atrairá 800 mil pessoas para as ruas. portanto, não somos um povo apático. Mas como explicar então que a corrupção desenfreada que come solta nos vários níveis de governo não consiga atrair 80 indignados? Que fenômeno é esse? Seríamos um caso de apatia seletiva? Esse tema merece um aprofundamento.