O ano era de 1966 e eu morava numa república estudantil em salvador, nesta tinha de tudo, menos dinheiro, até para comer fazia-se uma ginástica, eu dividia com um colega o cartão do restaurante do universitário, am almoçava e outro jantava, o que comia, trazia para o outro um sanduíche feito com carne de sua refeição.
Foi aí que um dia apareceu uma merrequinha que minha mãe tinha me mandado do Rio, não era suficiente para todos, por isso resolvemos arriscar na sorte e a tarefa coube a mim. Coisa simples, ira até a favela dos Alagados jogar um Pif-Paf e dobrar o capital. Portando lá estava eu num barraco iluminado a fifo, sentando num tamborete, jogando e me dando bem. A cada mão que ganhava amontoava as cédulas junto a mim na mesa, até que u’a mão preta de uns trinta centímetros, bateu no meu bolo de dinheiro e o pegou. Tive que levantar a cabeça para constatar que o dono da mão deveria ter um metro e noventa de largura. Intimidado só consegui dizer:
- Pô, mas esse dinheiro e meu.
- É – disse o o da mão colocando-o em seu bolso e completando – mas eu “perciso”.
Nota de Cláudio Humberto: “Muita conversa, mas sem acordo fechado. Assim terminou a reunião do presidente em exercício José Alencar com líderes da oposição no Senado nesta quarta-feira. Ao fim do encontro, os parlamentares voltaram a dizer que vão votar contra o imposto do cheque.(...) José Alencar fez um apelo. Falou sobre a possibilidade de o governo isentar da cobrança da tributação quem tiver renda de até R$ 1.200 e uma única bancária disse que pessoalmente era contra a CPMF: "Eu também não concordo, mas o país precisa".
A mão grande é a mesma, com uma sutil diferença: o governo “precisa” e o negão dos Alagados “percisava”.
(*) Foto: as palafitas dos Alagados
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