C. S. Forrester escreveu um livro chamado “O General”, que analisava a mente empedrada de um típico general, que podia ser francês, inglês ou alemão na primeira guerra mundial. Aqueles que mandavam fuzilar uma tropa inteira por covardia quando depois de horas agüentando fogo de canhão se recusavam a avançar através da terra de ninguém, com técnicas das guerras napoleônicas, contra o fogo das metralhadoras de 1914-18. O subtítulo do nome do livro era; “A loucura da mente militar”.
Pensei em criar uma entrevista dedicada à “Loucura da mente do político”. Divirtam-se:
Entrevistador (doravante conhecido por Entrevistador ou “E”):
(Senhor “Político Pego em Flagrante” doravante conhecido por Flagrado ou “F”), por que o senhor ingressou na política? .
Flagrado – Tem que haver quem faça isto; é uma profissão como qualquer outra.
E – Mas quando o senhor decidiu?
F - Bom, foi quando peguei um emprego. Tinha de trabalhar oito horas por dia, tinha de assumir quando cometia erros, Teria de aparecer com idéias novas e bem sucedidas para ser promovido e ganhar aumentos. Aquilo não era minha praia. Eu queria um emprego, não trabalho.
E – E no que ser político era diferente?
F – Bastava ser fiel ao meu líder, que passava a cuidar de mim. No caminho fui me tornando líder de outros, que passavam a depender de mim.
E – Mas a responsabilidade?
F – O bom político não assume responsabilidades senão de manter sua turma satisfeita. Político não tem de ter idéias, aliás, o político ideal nem deveria pensar, ou melhor, tem de pensar o dia inteiro, mas apenas no próximo passo de sua carreira política.
E – Mas o país ou estado ou município?
F – Estão aí só para que o político possa politicar.
E – Mas há políticos, vindos da indústria e comércio, com idéias, com contribuições, não há?
F – São uns desajustados, são até úteis, mas que noção de o que é ser um político pode ter um sujeito que ganhou a vida trabalhando e criando negócios? Nenhuma. Ele não vive disso. Está aqui no nosso meio como quem se cansou do seu clube antigo e vem experimentar um clube novo. E se mete a santo. Quando tem de pagar uma despesa com amante meramente saca dinheiro da conta pessoal. Não sabe as artimanhas que temos de desenvolver para termos este tipo de comodidade.
E – Mas as conseqüências de ser pego em flagrante não são funestas?
F – Eram, eram, mas acho que terminamos de aculturar o povo do Brasil. Já estão enxergando as coisas da maneira certa. Político tem de ter o direito de se servir, senão como é que alguém poderia querer ser político. Lá fora iriam pensar que não somos uma democracia. Não haveria candidatos.
E – Quem melhor trabalhou para este aculturamento?
F – Acho que foi o Chico Anísio?
E – O comediante?
F – Ele mesmo.
E – Casou com a Zélia cujo apartamento havia sido redecorado por lobistas, criou o Justo Veríssimo que só estava aí para se arrumar, aliás, uma inspiração para todo político, e criou todos personagens que eram malandros, que após múltiplas odisséias sempre se davam bem. Por muito tempo a Globo ajudou. O vilão muitas vezes se safava sem castigo real. Ultimamente estão ficando mais calvinistas, justamente agora que eu precisava deles.
E – Você se ressente contra os que estão querendo lhe mandar para casa e talvez para a cadeia?
F – Claro que sim, é pura perseguição.
E – Mas as provas contra você?
F – Pois é, mas continuo dizendo que é pura perseguição. É uma antipatia gratuita contra mim. Alguém que não gosta do corte dos meus ternos, ou do cheiro da minha colônia, ou quem sabe até alguém que queira colocar um amigo no meu cargo. Lembre, ruim comigo, pior com meu sucessor!
E – Valha-me deus! Será possível ser pior?
F – Veja aí, eu sabia, eu sabia, você também persegue eu. Ponha-se daqui pra fora!
2 comentários:
Alô, Ralph
Você fabulou pensando em 'alguém' mas o tiro acertou o mercadejante...
Esparadrapo largo tem esse mérito. Cobre muitas feridas.
Na verdade cobre até algumas das pessoas de que gostamos mas que são políticos.
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