11 de out. de 2007

A jornalista e o semi-mundo

Por Ralph J. Hofmann

Ao ver a jornalista, certamente conhecedora dos meandros técnicos de uma entrevista, perder a compostura e deixar o entrevistador Cabrini a ver navios veio-me à mente uma piada que está entre nós há muito tempo.
Estão no Restaurante Maxim’s em Paris Monsieur e Mme. Dubois. Entra com alguns conhecidos uma mulher deslumbrante, ricamente vestida. Dirige-se à mesa de M. Dubois, dá lhe dois beijinhos, trata-o com indisfarçável ternura, cumprimenta Mme. Dubois e segue adiante. Mme. Dubois pergunta: “Jean Pierre, quem é essa sirigaita?”; e M. Dubois responde: “É minha amante”.
Mme. Dubois irrompe em recriminações e raiva. M. Dubois escuta tranqüilamente e depois diz: “Pensa bem, tu adoras as jóias, os vestidos caros e o status que te dou, Se levares essas recriminações adiante e te separares de mim vais ter de viver uma vida controlada, com uma boa pensão, mas discreta como cabe a uma boa mulher, sem sair em sociedade, e sem os presentes que te dou regularmente e sem que eu pague as tuas contas de modista, chapeleira, esteticista, etc. Pensa no bom humor com que venho para casa após passar das cinco às sete com minha amante. Estás no lucro”.
A mulher pensou um pouco. Nesse momento entrou um amigo do casal, acompanhado de uma mulher que não a dele. Ela, já refeita pergunta: “Quem é que está com o Phillippe?”; e êle: “A amante dele”.
Ela pensa um pouco e diz: “A nossa é muito mais bonita”.
Mademoiselle. Mônica está começando a descobrir a realidade. Ontem ela era uma jornalista e uma mulher liberada. Era Ms. (Miz) Mônica. A categoria de mulheres que não aceita ser chamada de Mrs. (Senhora fulana). Sua identidade era dela. Hoje, com a publicação do seu ensaio na Playboy, passou a ser parte do demi-monde.
O demi-monde, no fim do século dezenove e início do século vinte, a “Belle Époque”, não só em Paris como em muitos outros lugares incluindo o Brasil, era o mundo das amantes oficiais dos ricos e poderosos. Eram amantes, ora de um ora de outro, dependendo de circunstâncias. Acumulavam presentes caros dos amantes para sua manutenção e sua velhice. Para os de boa memória pensem na avó de Gigi no romance de Collette e no filme com Leslie Caron. Viviam num mundo que não era nem alta-sociedade nem baixa sociedade. Sua disponibilidade a um bom protetor era conhecida.
Há um detalhezinho. Essas “demi-mondaines” sempre se asseguravam de que os seus mantenedores realmente tinham fortunas à altura do luxo a que aspiravam. Nada de deputadozinhos que haviam recém chegado das províncias para fazer fama e fortuna. Nada de escândalos. As que se tornavam foco de escândalos perdiam a possibilidade de obter amantes poderosos.
Parece-me que esta semana, ante as câmaras de televisão, Mlle. Mônica se deu conta que havia dado um adeus a um mundo discreto. Louco será o homem poderoso que se aproximar dela de agora em diante. De jornalista virou notícia, e dificilmente voltará ao outro lado das câmaras.
É Lady Di, percebendo que os “papparazzi” sempre estarão com ela, e que não sabe se gosta ou não gosta disto.

2 comentários:

ma gu disse...

Alô, Ralph.

É bom que a Mô goste, porque ficará, por bons anos, nas paredes das privadas das oficinas mecânicas, mesmo quando seu corpo não se parecer mais com as fotos...

Ralph J. Hofmann disse...

Magu

Dentro de alguns meses vamos achar em sites de oferta de encontro um monte de mulkhers usando comn o "nom de guerra" Mônica.
Aliás, era o melhor prostíbulo de Porto Alegre nos meus anos verdes.

Ralph