O Esterco do Populismo

Por Giulio Sanmartini

Dois dos ditadores mais cruéis do século passado, Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha, chegaram ao poder e mantiveram-se nele durante muitos anos, usando para tal de seus dons de orador. Massas inteiras iam às ruas ovacioná-los, massas inteiras fizeram-se matar em seus nomes. A oratória mal usada é um perigo para todo um povo, pois o arrasta para becos sem saída sempre com trágicos finais.
No Brasil do século XX, podemos citar uns poucos oradores que influenciavam realmente o povo, mas um só chegou ao poder, Getúlio Vargas, e permaneceu por 15 anos como ditador, tendo como apêndices, a polícia política e a censura da imprensa que tiravam a liberdade política e intelectual dos cidadãos que não concordassem com ele, sendo que a primeira usava fartamente a truculência, com prisões arbitrárias, tortura, eliminação física e até deportação, onde ficou emblemática a de Olga Benário, mulher líder comunista Luiz Carlos prestes que foi extraditada para a Alemanha (seu país de origem) e pelo fato de ser judia, encontrou a morte num campo de extermínio nazista.
Outros dois que me lembro (certamente algum será omitido por lapsus memoriae) foram Santiago Dantas e Carlos Lacerda. Mas ambos nada tinham de populista eram homens de grande cultura com uma retórica inteligente e refinada.
Ninguém pode negar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o dom da fala, mesmo com todos seus tropeções, sua dicção primária e a total falta de cultura. A coisa funciona tão somente com as classes menos favorecidas, que acreditam em sua demagogia doentia e se vendem por algumas ilusórias migalhas, quando lhes falta o mais importante: a oportunidade de progredir.
Lula se sustenta com bravatas, eloqüência exagerada e malvadas mentiras, prometendo dar as pequenas ilusões cotidianas para a grande massa de deserdados, que ele cultiva adubada pelo esterco da Bolsa Família.
Não perde qualquer oportunidade de mostrar-se o melhor, ontem, em seus discurso no Encontro Nacional da Indústria da Construção, disparou uma estupidez que poderia ser hilariante, mas no acúmulo das tantas que vem dizendo, passa a ser triste e preocupante.
- Eu sou a única alternância de poder em 500 anos de história do país. Se eu errar vão dizer que trabalhador não sabe governar.
Desconhece o demagogo que auto-elogio é vitupério. Claro que ele não sabe o significado dessa última palavra, mas pelo menos um de sues 109 assessores, pagos pelo contribuinte tem o dever de sabê-la .