Estranho este mundo que tem sido ratificado nesses cinco anos por um partido de trabalhadores e de intelectuais de esquerda.
Em princípio imagina-se uma república e uma democracia como uma meritocracia. O sujeito faria por merecer o que tem ou o que recebe, salvo fortunas hereditárias. Mesmo as fortunas hereditárias, se não administradas com competência se esvaem e deixam em seu lugar mansões puídas, pessoas vivendo de um sobrenome ilustre sem fortuna, como ocorreu com Jorginho Guinle.
No passado remoto as pessoas recebiam títulos nobiliárquicos que traziam terras agricultáveis, ou sinecuras no governo. O menor título de nobreza garantia alguma renda. Mas ainda assim de uma forma ou outra desde o pequeno morgado de uma terrinha em Portugal, até o poderoso barão, tinham de administrar suas posses, fazer casamentos que garantissem a prosperidade perenizada.
É notável o que aconteceu em Portugal e Espanha. Ao fim do século treze e início do século quatorze em questão de trinta anos tornaram-se proprietários de enormes extensões de terras em torno do globo. Suas colônias de além-mar despejavam riquezas nos cofres das tesourarias dos soberanos.
Os soberanos com isto puderam conceder aos seus nobres e favoritos belos estipêndios e sinecuras. Isto podia representar desde uma situação confortável, próspera mas não faustosa, até uma fortuna digna em nossos dias dos rendimentos anuais de uma pop-star como Xuxa.
Infelizmente de forma geral estas sinecuras não tinham muito a ver com alguma competência especial. Tinham mais relação com manter certo equilíbrio nas relações estáveis na corte. Era dinheiro caído do céu. Um exame das Capitanias Hereditárias do Brasil mostra muito disto. A maioria das capitanias permaneceu em berço esplêndido. Desbrava-las era uma missão árdua e de sucesso incerto. Nada a ver com o impulso dado posteriormente ao desenvolvimento pelos bandeirantes, que dependiam do sucesso para atingir fortuna.
Mas isto teve suas conseqüências. Com sua energia solapada pelas receitas fáceis Portugal e Espanha, que dominaram tantas regiões do mundo passaram a ser dois dos países mais atrasados da Europa. Nas últimas décadas, liberados das amarras de seus vínculos com o passado desenvolveram-se economicamente com o élan que haviam apresentado no tempo das grandes descobertas.
Já o Brasil, com sua população variada, com características de empreendedorismo, ao longo dos anos tem se comportado como se fosse uma monarquia do século quatorze. O sujeito que se sobressai politicamente por axioma não pode voltar às fileiras. Normalmente ao não se reeleger recebe uma sinecura. Uma indicação de um cargo na estrutura do país. São os novos barões. O monarca não pode permitir que se sintam desvalidos. Senão podem conspirar o fim da coroa.
Que dirá de um Duque ou Marquês? Creio que podemos chamar ministros de marqueses. Presidentes de câmaras do congresso de duques.
Dito isto podemos enxergar de onde vem o tratamento régio que esperam famílias da nobreza brasileira. Sarney, Calheiros, Collor, e por aí afora. Mandá-los para casa ou para a prisão como um crime de lesa-majestade. Estão como os nobres de antigamente. Apenas podiam ser julgados por seus pares. Decididamente um ambiente aristocrático.
Daí também o tema burguesia volta a ter outro sentido. Os burgueses sempre foram os que mantinham o país nas profissões e nos empreendimentos daqueles que não tinham propriedades nem sinecuras. Eram os que fabricavam sapatos, penicos, os flecheiros (fabricantes de flexas) os armeiros (espadas), etc.
Hoje esses, com raras exceções, não podem permitir que seus bons nomes sejam conspurcados pela presença em palanques. Comprometeria sua reputação comercial. Daí por que os maiores industrialistas deixam de se envolver em política partidária. É um jogo muito sujo, e eles sabem muito bem, pois não raro são pressionados a contribuir para com os nobres, sob pena de serem perseguidos pelos gendarmes da burocracia, através de inspeções fiscalizações.
Há os que aderem a isto de corpo e alma e se envolvem na política.
Mas isto é outra história. Nesse momento passam a ser nobres. Não são mais burgueses.
E naturalmente há os que recebem Letras de Corso, para pilhar oficiosamente em nome do governo.
Viva o Grão Duque José Dirceu! Viva o Marquês de Gushiken!
Os soberanos com isto puderam conceder aos seus nobres e favoritos belos estipêndios e sinecuras. Isto podia representar desde uma situação confortável, próspera mas não faustosa, até uma fortuna digna em nossos dias dos rendimentos anuais de uma pop-star como Xuxa.
Infelizmente de forma geral estas sinecuras não tinham muito a ver com alguma competência especial. Tinham mais relação com manter certo equilíbrio nas relações estáveis na corte. Era dinheiro caído do céu. Um exame das Capitanias Hereditárias do Brasil mostra muito disto. A maioria das capitanias permaneceu em berço esplêndido. Desbrava-las era uma missão árdua e de sucesso incerto. Nada a ver com o impulso dado posteriormente ao desenvolvimento pelos bandeirantes, que dependiam do sucesso para atingir fortuna.
Mas isto teve suas conseqüências. Com sua energia solapada pelas receitas fáceis Portugal e Espanha, que dominaram tantas regiões do mundo passaram a ser dois dos países mais atrasados da Europa. Nas últimas décadas, liberados das amarras de seus vínculos com o passado desenvolveram-se economicamente com o élan que haviam apresentado no tempo das grandes descobertas.
Já o Brasil, com sua população variada, com características de empreendedorismo, ao longo dos anos tem se comportado como se fosse uma monarquia do século quatorze. O sujeito que se sobressai politicamente por axioma não pode voltar às fileiras. Normalmente ao não se reeleger recebe uma sinecura. Uma indicação de um cargo na estrutura do país. São os novos barões. O monarca não pode permitir que se sintam desvalidos. Senão podem conspirar o fim da coroa.
Que dirá de um Duque ou Marquês? Creio que podemos chamar ministros de marqueses. Presidentes de câmaras do congresso de duques.
Dito isto podemos enxergar de onde vem o tratamento régio que esperam famílias da nobreza brasileira. Sarney, Calheiros, Collor, e por aí afora. Mandá-los para casa ou para a prisão como um crime de lesa-majestade. Estão como os nobres de antigamente. Apenas podiam ser julgados por seus pares. Decididamente um ambiente aristocrático.
Daí também o tema burguesia volta a ter outro sentido. Os burgueses sempre foram os que mantinham o país nas profissões e nos empreendimentos daqueles que não tinham propriedades nem sinecuras. Eram os que fabricavam sapatos, penicos, os flecheiros (fabricantes de flexas) os armeiros (espadas), etc.
Hoje esses, com raras exceções, não podem permitir que seus bons nomes sejam conspurcados pela presença em palanques. Comprometeria sua reputação comercial. Daí por que os maiores industrialistas deixam de se envolver em política partidária. É um jogo muito sujo, e eles sabem muito bem, pois não raro são pressionados a contribuir para com os nobres, sob pena de serem perseguidos pelos gendarmes da burocracia, através de inspeções fiscalizações.
Há os que aderem a isto de corpo e alma e se envolvem na política.
Mas isto é outra história. Nesse momento passam a ser nobres. Não são mais burgueses.
E naturalmente há os que recebem Letras de Corso, para pilhar oficiosamente em nome do governo.
Viva o Grão Duque José Dirceu! Viva o Marquês de Gushiken!
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