9 de out. de 2007

Protesto sentido

Por Ralph J. Hofmann

Esta manhã leio que os organizadores de um torneio de golfe tradicional na África do Sul, o Torneio Aberto Nelson Mandela, acabam de informar ao eterno campeão Gary Player, colaborador com sua presença nas várias edições desse evento, que este ano preferem que ele não compareça nem participe das atividades de relações públicas do evento.
O motivo é simples. Crêem que para um torneio beneficente fica mal ter ligação com um voluntário que possui ligações com os militares de Myanmar.
As ligações de Gary Player realmente existem. Sua empresa de projetos de campos de golfe projetou o campo favorito dos militares no poder em Yangon (Rangoon). Gary Player passa algum tempo ao ano lá estudando a manutenção e melhorias. Evidentemente convive com os donos do pedaço.
Ao mesmo tempo há críticas a Nelson Mandela por não ter se manifestado até agora contra as barbaridades em Myanmar. Evidentemente seus defensores dizem que um homem da idade dele já não pode subir nas barricadas a cada evento de direitos humanos que ocorre, mas sinto-me tentado a dizer que o caso de Myanmar, pela sua maturação e violência é um dos mais sérios que existe.
A África do Sul tem negócios com Myanmar. Cerca de US$ 500.000.000,00 de importação e uns vinte porcento a mais de exportação.
Mas o que interessa é que o caso do torneio de golfe indica precisamente o que deveríamos estar fazendo neste país.
Já que o governo Lula previsivelmente está vertendo água benta sobre os militares de Myanmar , donde apenas podemos depreender que aprova de rapto, tortura e prisão domiciliar para os opositores famosos (atenção Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, está na hora de dormir em casas diferentes todas as noites, coisas que nenhum militar lhes forçou a fazer), acho que de sã consciência os indivíduos devem fazer algo.
Deveríamos saber quem exporta para Myanmar ou importa de lá para que este país seja tão importante ao Lula que sequer uma nota de repúdio conseguiu emitir quando estava em Nova Iorque.
Depois deveria ser feito um boicote interno aos produtos das empresas que vendem para lá ou importam de lá. Não devem ser muitas e o volume não deve ser excepcional.
Outras medidas evidentemente deviam ser o uso da internet para pressionar o legislativo, pois como sabemos, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil é pródigo em conversa fiada mas tem uma imensa deficiência auditiva.
O caso não é meramente Myanmar. O caso é que o brasileiro tem de parar de sentar na cerca e usar os meios disponíveis para protestar contra tudo que lhe afete.
E o caso de Myanmar, cruento como é, representa um bom ensaio para outros assuntos.

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