Tem que Entregar o Cartão

Por Giulio Sanmartini

No meu tempo de brincadeiras ingênuas, dava-se a alguém um cartão de visitas onde aquele que o recebia poderia ler que não estava agradando.
Esse cartão deveria ser entregue ao Lula desde o início de seu primeiro mandato, pois sua mania de auto-definir-se o maior em tudo que já foi feito no país transformá-se em motivo de piada, chacota e ironia. O reconhecimento da História não é auto-imposto. Nem se faz por medida provisória, projeto-de-lei ou decreto.
Lula no mínimo comete injustiças com a história (que ele além de não conhecer, faz questão de ignorar) ao vangloriar-se em tal desproporção:
Entraram para a história onde permanecerão Deodoro da Fonseca, que decretou o fim da monarquia; Getúlio Vargas, que mesmo ditador, deixou leis trabalhistas válidas até hoje; Juscelino Kubitschek, que mesmo dando início à inflação descontrolada, ousou transferir a capital federal da orla para o cerrado e levantar uma cidade para abrigar o poder. Teve Itamar Franco que ousou assinar um plano que derrubou a inflação e outro, Fernando Henrique Cardoso, que o sucedeu, e manteve a moeda sem grandes sustos ou percalços.
Ser presidente da República não é somente desfrutar à larga das benesses que a posição propicia, não é beneficiar parentes e amigos, não é comprar avião novo e viver fazendo viagens inúteis. Um presidente que se dê o respeito, tem como obrigação fazer o melhor para atender a sociedade, atacar a corrupção, elevar os indicadores sociais e econômicos, diminuir a barreira entre ricos e pobres, gerar empregos, produzir renda, fortalecer e ampliar a infra- estrutura e mais um sem número de tarefas que fazem parte da rotina do cargo e que não podem ser simplesmente ignoradas.
No lançamento em Brasília do programa Mais Cultura , Lula parecia ter-se mancado que não estava agradando ao reconhecer que: "Está uma coisa tão repetitiva esse negócio de pela primeira vez, nunca antes, nunca dantes”. Qual o que, a recaída chegou logo a seguir.
“- E é verdade não por mérito do Gil (ministro da Cultura), do Juca (Ferreira, secretário-executivo da pasta), do Lula, mas é porque nunca antes a sociedade brasileira teve uma participação na elaboração das propostas de políticas públicas, como ela teve nesses quatro anos e meio de governo. (...)- O Brasil, lamentavelmente, nunca teve uma política cultural - disse, em acusação a seus antecessores.”
Por fim, referindo-se ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), repetiu a pérola mais uma vez.
“- Mapeamos as 11 principais regiões metropolitanas e vamos fazer o que nunca foi feito neste país.”
Na brincadeira que contei no início, o tal cartão de visitas, não trazia escrito somente “Você não está agradando”, terminava, com um “Vai saindo de fininho”.
Faz-se realmente necessário, que o eleitor ludibriado, entregue o cartão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.