9 de out. de 2007

Você Confia?

Por Fabiana Sanmartini

A gente sempre pode dar um jeitinho de verificar se a enquête feita por qualquer jornal, revista ou órgão responsável condiz com a verdade. É só pensar proporcionalmente e colher opinião dos seus conhecidos, do diretor da empresa a moça do cafezinho, é preciso ter uma idéia geral, já que a realidade das elites é normalmente diferente da vivida nas comunidades.
E não deixe de lado a sua, imaginando-se em uma situação de perigo, por quem chamaria? Eu, com toda certeza, evitaria a polícia, principalmente morando no Rio. Com todas as notícias de corrupção, crimes de associação, violência, estupro, roubo, assassinato.... A lista é por demais vasta e o cidadão é que permanece a mercê própria sorte. Fica parecendo que a única solução para o carioca é benzer-se ao sair de casa e entregar pra Deus. Precisamos sair trabalhar, nossos filhos necessitam de ir à escola, para mantermos uma vida saudável, tentamos manter uma vida social ativa.
É certo ter algumas restrições como horário e regras de bem viver em uma família. Só que a violência, a sabida truculência e banditismo de quem deveria estar protegendo a população faz com que tenhamos que levar a vida como numa guerra. Vivemos em permanente treinamento e nosso colega de trincheira, quando o assunto é farda, é a mais das vezes nosso carrasco. É verdade que existem os honestos, mas são em tão pouco número que o sistema podre engole e os joga para escanteio, tira-os das ruas e coloca carimbando papeis sem importância, se tiverem a sorte de continuarem vivos. Os salários baixos e a ineficiência da armada, bem como as escalas exaustivas são um agravante. Mas, vamos e venhamos, o problema é a falta de caráter. Meu Pai sempre me disse que é preferível lidar com um mau caráter, já que dele se sabe o que esperar, mas perigosos, nocivos, mortais são os sem caráter, destes só podemos esperar o pior e por vezes, sequer sabemos para que lado vão. O fato é que insisto em ser otimista e quando vejo uma fagulha de intervenção, como os policias indiciados, investigados, presos, como no caso de extorsão e assassinato em São Gonçalo, sou capaz de ensaiar um sorriso. Um misto de contentamento e alivio, mesmo sabendo que aqui a impunidade por crimes bem semelhantes começa na capital do país. É de lá que sai a certeza de que nada vai acontecer e que a lei mais empregada é o do Gerson, no antigo anuncio de cigarros, onde dizia: “É que eu gosto de levar vantagem em tudo! Certo?”
(*) Foto: Batalhão da Polícia Militar Duque de Caxias (RJ), quando estavam saindo 52 militares detidos.

Leia a matéria em O Globo online

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