Indignação

Por Fabiana Sanmartini

Tudo bem que você prefira Picasso e eu o ache um chato e prefira Monet. Se você ouve Bethovem e eu Bach. Arte é arte e a vida é sublime! Betinho quis protestar contra a fome e criou a “Ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida”. Agora dizer que arte é deixar sem água e comida um cachorro e expô-lo na Bienal sob o olhar dos passantes... Não é arte... É crueldade, tortura.
Assim fez o dito artista Guilhermo Habacuc Vargas, que sobre o animal faminto colocou legendas em ração colorida! Como nada foi feito pelo governo de Costa Rica? E as associações de proteção animal soltas pelo mundo que tanto clamam pelo fim da crueldade, não viram? Estavam as portas de algum laboratório pedindo o fim das pesquisas com animais? Porque na realidade precisa haver um consenso entre as instituições que desejam acabar com a crueldade EFETIVAMENTE. Maus tratos dentro da casa dos próprios proprietários, rinhas, farra do boi que vem disfarçada de preservação da cultura, circos e a lista é inumerável. Mas vale a ação de quem alimenta um ser que seja humano ou animal. Se você fizer por um, seu vizinho por outro, eu por outro... Vai dar certo! É bem verdade que não dará ibope e ninguém sairá como herói... Mas a intenção não era alimentar? Ainda dá tempo de haver mobilizações contra a presença deste assassino na Bienal de Honduras que ocorrerá em 2008, porque a organização da que ocorreu na Costa Rica foi conivente, bem como todos que passaram pelos salões da mostra e nada fizeram também são cúmplices. É inacreditável que ninguém tenha procurado a organização do evento.

Habacuc não protestou contra a fome, esta continua sendo parceira inseparável da miséria. Quando ocorreu no Rio de Janeiro, no Rio Centro, a Exposição Mundial de Cães (aquela onde são escolhidos os melhores de cada raça) se não me engano em 2004, estávamos sob um calor indescritível e por conta disto os cães vindos de lugares mais frios como, por exemplo, o Canadá tiveram problemas. Alguns chegaram mesmo a morrer de calor apesar do socorro desesperado de seus proprietários. Como protesto contra a organização que não previu nas acomodações as mudanças de temperatura dos competidores, o dono entrou na pista de exposição para a apresentação de seu cão (morto de calor) com a guia vazia numa representação cheia de mímicas e emoção. Então vamos deixar claro algumas coisas, se fizer promessa pague você, se for fazer dieta não obrigue os outros a acompanharem, caso queira protestar use sua inteligência, criatividade e seu próprio corpo, se quiser. A vida tem de ser respeitada em toda sua amplitude.