8 de nov. de 2007

Preconceito besta

Por Chico Bruno

O Brasil é um país com questões insolúveis. Há anos diariamente o jornalismo brasileiro noticia a queda de braço entre o MST e o governo federal por uma reforma agrária decente, que cada vez fica mais distante, restando ao MST fazer ações de pressão para tentar impor o desejo de uma reforma agrária que traga benefícios aos sem terra, ao contrário do que é feito hoje, onde o INCRA distribui terras e forma agrovilas que são bolsões de miséria com a distribuição de cestas básicas e Bolsa Família. Por isso, as invasões de terras são notícia todo dia, como essa de O Globo:
Pela segunda vez em 30 dias, a ferrovia de Carajás, no sudeste do Pará, foi novamente invadida e ocupada por agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação, desta vez, foi maior e mobilizou mais gente: armados de picaretas, foices e facões, os invasores bloquearam a saída de trens do pátio ferroviário próximo à estação de Parauapebas, depredando duas locomotivas da Companhia Vale do Rio Doce. Quatro funcionários da empresa foram mantidos como reféns por 30 minutos.
Enquanto isso, na cidade de Irecê, na Bahia, tem um modelo de reforma agrária implantado a partir da experiência bem sucedida de Israel.
O INCRA conhece o projeto, que foi implantado por um senador da base aliada do governo Lula, o engenheiro Marcelo Crivella, quando, ainda, exercia a função de bispo da Igreja Universal, logo após ter retornado ao país, depois de evangelizar milhões de pessoas na África.
O custo do empreendimento se torna irrisório, perto do que o governo brasileiro já gastou para desapropriar fazendas, a maioria com avaliações muito acima dos custos de mercado, para instalar grupos de sem terra, que são entregues à própria sorte, pois não existe extensão rural para qualificar os sem-terra e torná-los eficientes agricultores.
O exemplo da Fazenda Canaã está pronto, acabado e produzindo safras recordes a cada ano. A pinha colhida em Irecê é um sucesso pela qualidade e sabor em todo o país.
Infelizmente, o governo federal faz de conta que a experiência não existe, desconhece-a totalmente. Dizem que é por preconceito, por ter sido tocada por um bispo da Igreja Universal, o que pode até ser verdade, mas não deixa de ser uma aberração, pois o Brasil é um país laico.
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), aliado e amigo do presidente Lula, um parlamentar que sempre é convidado para acompanhar o presidente em suas viagens internacionais, principalmente quando Lula vai à África, onde o senador goza de grande popularidade pela construção de mais de 700 templos da Igreja Universal, não consegue entender a razão de sua obra não merecer a mínima consideração do INCRA.
Realmente se for só por preconceito, não deixa de ser, como dizem os cearenses, um preconceito besta.

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