9 de nov. de 2007

Sempre o mesmo papo furado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que há alguns dias estava tranqüilo com a aprovação do CPMF, fatou com a verdade (mais uma vez), pois disse a aliados nos últimos dias que o Ministério da Fazenda "conduziu mal as negociações" com os tucanos e que está "irritado" com alguns senadores de sua base de apoio, particularmente do PDT e do PMDB, por estarem pressionando o governo por mudanças na CPMF e por cargos.
Lula afirmou ainda estar "preocupado" com o rumo das negociações e que vai retomar as conversas com o PSDB nos próximos dias, sinalizando que vai ceder em novas medidas para garantir a prorrogação do tributo até 2011.

Lucia Hippolito (foto) faz um interessante a análise sobre o assunto: "A CPMF Subiu no Telhado"
O governo corre contra o tempo para aprovar a CPMF no Senado, mas a conjuntura não está lá muito favorável.
Amanhã termina o prazo para a tramitação da proposta na CCJ.
Segunda-feira, a relatora, senadora Kátia Abreu, do DEM, apresenta seu parecer, a favor da extinção pura e simples da CPMF.
Os aliados do governo, por seu lado, preparam parecer substitutivo, aprovando a prorrogação na forma desejada pelo governo Lula.
A CCJ tem 23 membros, mas seu presidente só vota em caso de empate. Segundo as últimas contas – o placar muda toda hora – há 11 votos contra e 11 a favor.
Assim, se houver empate, o senador Marco Maciel terá que votar – ele é do DEM, partido que fechou questão contra a prorrogação da CPMF.
Além disso, se um dos senadores decidir votar contra – o senador Pedro Simon (PMDB), por exemplo, que não nutre nenhuma simpatia pela CPMF – a proposta morre ali mesmo na Comissão, sem ir a plenário.
O problema é que segunda-feira é dia de quórum baixo no Congresso. Senadores e deputados só começam a chegar à cidade na parte da tarde.
Por isso mesmo, os governistas estão articulando uma manobra para negar quórum à reunião da CCJ, o que levaria a proposta diretamente ao plenário.
Já no plenário, a situação também não é confortável para o governo. Dos 53 senadores que compõem a base aliada, o governo conta com 48 votos – precisa de 49, quórum mínimo de três quintos exigido para aprovação de propostas de emenda constitucional.
E é aí que o bicho ameaça pegar. Todas aquelas ofertas de isenção e desoneração que o governo botou na mesa para negociar com os tucanos e persuadi-los a aprovar a CPMF não podem mais ser retiradas.
Passaram a constituir um patamar mínimo de negociação.
Com isso, partidos da base endureceram o jogo. O PDT, que tem cinco senadores e pode ser decisivo para a aprovação da CPMF, exige redução de alíquotas. Um de seus membros, o senador Cristóvão Buarque, quer que o governo desista da prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), que está na mesma emenda da CPMF.
A DRU permite ao governo flexibilizar a utilização de 20% do orçamento da União – Cristóvão considera que o governo tem desviado verbas “carimbadas” destinadas à educação.
Já o PMDB, quer porque quer as nomeações no setor elétrico, paradas desde a saída do ministro Silas Rondeau, envolvido nas investigações da Operação Navalha.
(Com todas essas ameaças de apagão energético, o governo se dá ao luxo de manter um ministro interino nas Minas e Energia e dirigentes interinos nas principais estatais do setor elétrico. Vai entender...)
Mas os peemedebistas não querem ficar com a pecha de fisiológicos. Por isso, querem o mesmo tratamento dado aos tucanos: negociação de um pacote de desonerações.
O PMDB fechou questão a favor da prorrogação da CPMF. Mas até uma criança de cinco anos sabe que, se houver dissidência, não haverá punição.
No PMDB, quem tem voto tem voz. E as dissidências continuam passando muito bem, obrigado.
O fato é que o tempo trabalha contra o governo.
O presidente Lula, insatisfeito com as trapalhadas de seu ministro da Fazenda nas negociações com os tucanos, decidiu assumir pessoalmente a articulação política – área em que o presidente não é muito feliz.
Sobra companheiro e falta conselheiro nas articulações políticas do Planalto.
As próximas horas serão decisivas, mas o fato é que a CPMF subiu mesmo no telhado.

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

A articulista acendeu uma luz no fim do túnel? Se o incompetente sapo barbudo assumir pessoalmente as articulações, podemos ter esperanças?

Unknown disse...

O que vou comentar não tem nada a ver com CPMF é mais um recado para a Lucia Hipolito: outro dia ouvi um comentario seu na CBN à respeito do julgamento historico do STF sobre os mensaleiros,mas que depois ficou emperrado,parado, num daqueles arquivos grande que deve existir por lá. Hoje para surpresa minha vejo nos jornais e sites que vão dar prosseguimento ao processo, será que algum homem da toga ouviu o seu comentario? Se ouviram parabens pra voce.

Abreu disse...

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Comentário "aparentemente" off topic — pero no mucho (creio eu): é verdade que a maior parte dos marmanjos barbados que ainda apreciam o sexo oposto têm "um pouco" de restrições às mulheres com inteligência e articulação muito superiores, de excelência — como é o caso da Lúcia Hippolito.

Pelo contrário, "consigo" achá-la "uma gracinha" exatamente por isso! Essa mulher é um exemplo de clareza crítica e sou seu fã.