Um “Think Tank”

Por Ralph J. Hofmann

Às vezes eu canso de apenas criticar e comentar, talvez educar com as minhas memórias do século XX e meus estudos sobre o sáculo XIX. Quero sugerir alguma coisa. Ver algo pró-ativo acontecer.
No incidente dos economistas da IPEA vejo uma oportunidade impar. Há coisa de 45 dias quando escrevi alguns artigos sobre a inutilidade que vejo no Sr. Mangabeira Unger, eu lembrava “um homem do ramo”. João Paulo dos Reis Velloso. Recentemente outras pessoas se lembraram dele. Suas fotos foram ressuscitadas dos arquivos mortos dos jornais e revistas. Lembro de assistir duas ou três horas de uma conferência que era mais uma conversa amena do que um discurso, no auditório da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Era o que os franceses um dia chamaram de um “enciclopedista”. O homem da renascença que sabia tudo. Não dominava tudo. Sabia de tudo e sabia a quem indicar para aprofundar-se no que fosse necessário.

Na época estávamos enfrentando as estatísticas nada alvissareiras para op Brasil do livro “O Ano 2.000” de Kahn & Wiener. No auge da crise de confiança Mario Henrique Simonsen publicou “Brasil, 2001”, que explicava por que não precisava ser tão mau assim o futuro. Indicou rotas de fuga, possibilidades de driblar o futuro negro que era previsto.
Infelizmente houve choques do petróleo, houve um excesso de pensamento nacionalista que procurou o desenvolvimento produzindo tudo aqui em lugar de aumentar importações de bens capitais com tecnologia de ponta, e aumentar a exportação de bens de consumo e os resultados não foram tão bons como os preconizados por Simonsen.
Contudo pela primeira vez, com a divulgação dos trabalhos do IPEA os leigos tinham uma noção de que o governo possuía gente avaliando o efeito de certas medidas e direcionando o desenvolvimento dentro de relatórios sérios.
Agora estamos vendo o comprometimento dessa central de excelência pelo aparelhamento político. Comete-se o impensável. Desprezar a experiência. Abrir mão dela, em lugar de encostar a criatividade dos jovens na experiência dos antigos.
O trabalho de Kahn & Wiener foi oriundo de um “Think Tank”, um “Brainstorm” institucionalizado. Uma entidade de pesquisa normalmente mantida por dotações de fundações filantrópicas. Há muitas destas pelo mundo afora.
Como disse no início do artigo, não espero que nenhuma sugestão prática minha seja acatada, afinal, são só elucubrações.
Mas sugiro aos grandes empresários do Brasil, Gerdau, Eike Batista e outros. Procurem os egressos do IPEA, do BNDES, e outros e criem um CENTRO DE BRAINSTORM SOBRE O BRASIL. Façam no funcionar como uma sombra do IPEA e do Ministério do Planejamento. Criem dados sólidos para defender o que tem de ser feito no país por ser certo, e não por conveniência política.