6 de nov. de 2007

Woodstok, Rock in Rio, Raves, o que Eles Tem em Comum?

Por Fabiana Sanmartini

Não vai adiantar! Na época dos meus pais foi o movimento Hippie, a minha ferveu por conta de sermos os filhos da revolução.
Agora chegam as Reves, e como em todas as épocas anteriores, transgredir vira sinal de independência de andar no sentido contrário ao caos que se instala no mundo e a arte, seja ela música ou qualquer outra coisa é que puxa o carro. Você pode me dizer que música eletrônica não é arte...Mas lembre-se que os Beatles também não eram para os seus pais e que Elvis era uma indecência enquanto rebolava ao som do perigoso Rock and roll e olha que estou deixando de lado Woodstok. Meu Pai achava que os cabelos do movimento punk faziam todos parecerem araras e minha mãe dizia não ver sentido nas letras do Titãs e que Cazuza era uma indecência. E assim caminha a humanidade, meu Pai foi me levar e buscar em alguns shows e festas, mesmo a contra gosto achando que iria passar vergonha este era o único jeito de ir. O cuba-libre dos meus pais virou minha caipirinha e hoje é a ice das minhas filhas. A maconha, o haxixe, as viagens com LSD viraram cocaína e crack e hoje o extasy. As drogas sempre existiram e os riscos de consumi-la nem se falam. Drogas naturais ou sintéticas fazem mal e matam como está sendo noticiado e nós já sabíamos. Vale lembrar que cigarro e bebidas alcoólicas também são drogas e igualmente matam. Quando o jovem chega à casa de porre é porque cresceu. Quando usa drogas é porque se perdeu. Ninguém normal vê coerência nisso. A relação entre pais e filhos é que se perde quando achamos que sabemos de tudo e não ouvimos o que nossos filhos têm a dizer e pior esquecemos que fomos jovens e que transgredimos e ousamos também!
Não vai adiantar proibir seu filho de ir ou acabar com as raves. Sabemos que elas continuarão a existir de forma clandestina favorecendo assim o consumo e a entrada das drogas nas festas. Hoje não vivemos a mercê das tarefas de casa é muito mais difícil ganhar o suficiente para dar conforto aos nossos. Ok, todos nós passamos por isso! O que não pode acontecer, mesmo com toda a correria cotidiana é deixar que nossos filhos e companheiros se tornem estranhos vivendo dentro da mesma casa. Que do alto da nossa falsa moral digamos aos nossos filhos que jamais fizemos algo parecido com isso, que este mundo é tão estranho pra nós e na nossa época tudo era diferente e coerente. Ninguém acredita nisso, nem nós mesmos, aliás, também não acreditávamos quando nos diziam as mesmas coisas. Concordávamos por uma questão de sobrevivência, falsificávamos as carteirinhas do colégio e íamos para o cinema não sem antes comprar um maço dos proibidos cigarros mentolados, nossos filhos os de bali. Vamos usar a coerência e a franqueza, mais que isso, vamos ser honestos com nossos filhos. A honestidade é sempre a maior e melhor forma de tê-los por perto, de saber onde estão e com quem, não para controlá-los, mas para acudi-los no que nós bem sabemos que não é fácil. Uma carona sem falsos moralismos pode ajudar, conversas rotineiras sobre qualquer coisa, cumplicidade pode mante-lo longe das encrencas. Não existe dor maior do que a de não poder mais olhar nos olhos que vimos abrir pela primeira vez num misto de sorriso e lágrimas. E quando o perdemos para as drogas, sejam quais forem fica a sensação de incompetência na nossa maior função. Álcool e direção; álcool, direção e drogas naturais ou sintéticas; álcool e drogas...Todas estas combinações são bombásticas. O problema não é onde o corpo vai mas o que eles levam do que ensinamos, não com infindáveis sermões, mas com exemplo, honestidade e cumplicidade. Não com a arrogância de quem sabe tudo, mas com a real vontade de poupá-los do que for possível, de conseguir que eles errem em outro lugar, onde nós ainda não erramos, assim vamos continuar aprendendo juntos.

Nenhum comentário: