Um dia desses, de manhãzinha, caminhava pelas ruas de meu bairro quando me espantei com aquela manchete de um jornal popular, afixada em uma banca: “bancos vão financiar IPVA e IPTU em até um ano”. Pensando que talvez ainda estivesse dormindo, já que era ainda muito cedo, olhei de novo e lá estava – não era nenhum pesadelo! – o estupefaciente título. San Gennaro mio, era aquilo mesmo! Parei para examinar a chamada e pude confirmar o quanto, nestes inacreditáveis tempos, é duro ser brasileiro. Como mantenho uma conta corrente em um dos bancos relacionados na matéria, fiz, por pura curiosidade, algumas simulações na internet para ver até onde iria a “bondade” das instituições financeiras, que nada mais é do que uma exploração natural – e legal – de uma oportunidade de ganhos gerada pelo furor arrecadador de nossos insaciáveis exatores federais, estaduais e municipais.
Escolhi apenas três opções de empréstimos, todas no valor de R$ 500,00 e com a primeira parcela vencendo em 9 de janeiro - o histórico “Dia do Fico”, denominação que, neste caso, deveria ser atualizada para o “dia do fico mais pobre”... Na primeira, o infeliz que comete o crime de possuir um veículo pagaria, arredondando os centavos, três parcelas de R$ 205, totalizando R$ 615 ao cabo de três meses; na segunda, seis parcelas de R$ 111, perfazendo R$ 666 ao final de seis meses e na terceira doze de R$ 66, totalizando, em um ano, R$ 792. As taxas embutidas nas três opções, com a primeira parcela vencendo um mês após a contratação, são, respectivamente, 11,11%, 8,86% e 7,90% (mensais) e 254,05%, 177,01% e 149,00% (anuais) e a mora, a ser cobrada em caso de atraso, de 15% ao mês!
Definitivamente, alguma coisa está errada. Aliás, muita coisa está errada em nosso pobre país! Ser levado, por falta de opção, a tomar um empréstimo bancário para pagar um imposto é o absurdo dos absurdos! E o pior é que muitos proprietários de veículos da massacrada classe média, com as finanças depauperadas pelo apetite arrecadador dos governos e pelos gastos de dezembro e tendo que pagar, em mês de vacas magras como janeiro, além de IPVA e IPTU, quiçá, a prestação de alguma compra de Natal, cairão na armadilha. Alguns conscientemente, outros não. Com base na teoria econômica e com toda a franqueza, aquilo que ministro Mantega declarou aqui mesmo no JB - que a economia (em que algo tão estapafúrdio acontece todos os anos) está “crescendo” - é uma doidice varrida, uma mentira lavada, uma imoralidade ensaboada e uma falta de respeito enxaguada!
“Bancos vão financiar IPVA e IPTU em até um ano”... Não, leitor, não culpe os banqueiros, porque, embora guardem uma distância incomensurável da santidade, estão apenas aproveitando uma oportunidade de mercado provocada pela extorsão tributária de que nós, cidadãos e empresas privadas, temos sido vítimas. Fosse você, digamos, um plantador de algodão e as políticas econômicas tais que proporcionassem ganhos extraordinários para o seu negócio, você não plantaria mais algodão? Pois é, bancos sempre viveram e vivem de empréstimos...
Para que têm servido estados, municípios e União “nêfte paíf”, a não ser para nos arrancar o que ganhamos com o nosso trabalho? No nível federal, além de termos que bancar um número de ministérios que tende ao infinito, somos forçados a manter aberrações sem fim, como - só para darmos um exemplo -, os vencimentos de um “Diretor de Gestão Interna do Gabinete-Adjunto de Gestão e Atendimento do Gabinete Pessoal da Presidência da República” (certamente, um companheiro rubro-estrelado). Nos estados e municípios, a situação é muito parecida, já que, na ausência de um efetivo federalismo, além de mendigarem recursos em Brasília, para isso tendo que bajular vergonhosamente o governo federal, governadores e prefeitos reproduzem a estrutura da capital da fantasia. Assim, são mais uns ministérios aqui, secretariazinhas estaduais e municipais ali e acolá, autarquiazinhas e milhares de cargos comissionados algures e alhures... Mas ética, vergonha na cara e respeito aos cidadãos, nenhures!
“Bancos vão financiar IPVA e IPTU em até um ano”... Como diria o velho conselheiro Acácio, “acho que algo está errado”... Até quando, gente?
Definitivamente, alguma coisa está errada. Aliás, muita coisa está errada em nosso pobre país! Ser levado, por falta de opção, a tomar um empréstimo bancário para pagar um imposto é o absurdo dos absurdos! E o pior é que muitos proprietários de veículos da massacrada classe média, com as finanças depauperadas pelo apetite arrecadador dos governos e pelos gastos de dezembro e tendo que pagar, em mês de vacas magras como janeiro, além de IPVA e IPTU, quiçá, a prestação de alguma compra de Natal, cairão na armadilha. Alguns conscientemente, outros não. Com base na teoria econômica e com toda a franqueza, aquilo que ministro Mantega declarou aqui mesmo no JB - que a economia (em que algo tão estapafúrdio acontece todos os anos) está “crescendo” - é uma doidice varrida, uma mentira lavada, uma imoralidade ensaboada e uma falta de respeito enxaguada!
“Bancos vão financiar IPVA e IPTU em até um ano”... Não, leitor, não culpe os banqueiros, porque, embora guardem uma distância incomensurável da santidade, estão apenas aproveitando uma oportunidade de mercado provocada pela extorsão tributária de que nós, cidadãos e empresas privadas, temos sido vítimas. Fosse você, digamos, um plantador de algodão e as políticas econômicas tais que proporcionassem ganhos extraordinários para o seu negócio, você não plantaria mais algodão? Pois é, bancos sempre viveram e vivem de empréstimos...
Para que têm servido estados, municípios e União “nêfte paíf”, a não ser para nos arrancar o que ganhamos com o nosso trabalho? No nível federal, além de termos que bancar um número de ministérios que tende ao infinito, somos forçados a manter aberrações sem fim, como - só para darmos um exemplo -, os vencimentos de um “Diretor de Gestão Interna do Gabinete-Adjunto de Gestão e Atendimento do Gabinete Pessoal da Presidência da República” (certamente, um companheiro rubro-estrelado). Nos estados e municípios, a situação é muito parecida, já que, na ausência de um efetivo federalismo, além de mendigarem recursos em Brasília, para isso tendo que bajular vergonhosamente o governo federal, governadores e prefeitos reproduzem a estrutura da capital da fantasia. Assim, são mais uns ministérios aqui, secretariazinhas estaduais e municipais ali e acolá, autarquiazinhas e milhares de cargos comissionados algures e alhures... Mas ética, vergonha na cara e respeito aos cidadãos, nenhures!
“Bancos vão financiar IPVA e IPTU em até um ano”... Como diria o velho conselheiro Acácio, “acho que algo está errado”... Até quando, gente?
Um comentário:
Alô, Adriana.
Iorio pegou na unha. Pois é. O cargo de DGIGAGAGPPR, criado especialmente, se não me engano, é ocupado por uma anta. Só estou esperando o comentário do Tunico...
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