O Desastrado

Lula sempre se atrapalha é canhestro para qualquer tipo de negociação. Sua grande necessidade atual é a aprovação da CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, sem a qual, diz ele, será impossível governar.
Quarta feira voltou a fazer uma lambança que lhe dificultará mais o objetivo, desabridamente apoiou o senador José Sarney (PMDM-AP) como substituto de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. Não mediu palavras e imprudentemente declarou: "O nome do Sarney está acima de todos. O nome dele é o nome da instituição"o fato o levará a perder algo como 4 votos de postulantes ao mesmo cargo, um deles, Valter Pereira (PMDB-MS), foi muito claro ao queixara-se: “A intervenção do Palácio incomoda”.
Diz mais sobre o assunto Weiller Diniz
As ações e declarações do governo ajudam a empurrar para a ribanceira a prorrogação da CPMF, que já é complicada. A pretexto de estreitar relações com o PMDB, Lula esteve com a direção do partido até as 23h da quarta-feira. Conjeturou sobre as potencialidades do partido unido e a importância para o governo da coesão do aliado. Transpostas as mesuras, Lula acelerou no acidentado percurso da próxima semana: "Temos dois problemas. Na terça, a CPMF; e na quarta, a eleição do Senado". Demorou-se mais tempo na barreira que mais apavora o governo: a possível derrota da CPMF.

A líder Roseana Sarney desenhou um cenário dramático arredondando os votos pró-CPMF até agora. São apenas 46 de um mínimo de 49 votos. Lula colocou-se à disposição e ficou de prontidão e ainda pediu que os líderes indicassem com quem ele deveria falar pessoalmente. Pipocaram nomes de vários dissidentes da ala governista, e o presidente ficou de procurá-los, inclusive gente da oposição.
O que ameaça transformar o caminho de sinuoso para não trafegável foi o desabrido apoio de Lula a José Sarney para presidir o Senado Federal, articulação que até aqui era apenas partidária. Segundo um dos participantes, são estas as palavras de Lula: "O nome do Sarney está acima de todos. O nome dele é o nome da instituição". A barbeiragem de Lula, com quem Sarney viajou ontem, pode custar votos decisivos na CPMF. São quatro os candidatos que desaprovaram a intromissão de Lula. Valter Pereira (PMDB-MS), candidato à presidência, tinha voto pró-CPMF pavimentado e um discurso ensaiado em favor do imposto. Recolheu a fala. Nas cabines mais reservadas adverte que a "Sealopra pode se repetir" se o governo forçar a passagem na sucessão do Senado. Pereira foi o relator da criação da Secretaria de Ações de Longo Prazo (Sealopra). Despontou na casa dele a conspiração do PMDB governista que resultou no desemprego temporário de Mangabeira Unger em setembro. Publicamente, ele repreende a interferência governista e desabafa: "A intervenção do Palácio incomoda".