18 de dez. de 2007

Trouxas

Por Ralph J. Hofmann

Você ia para a Europa fazer turismo este fim de ano? Ou talvez em Julho? Não vá por enquanto, faça turismo interno. Acredite, não é hora para mostrar seu passaporte brasileiro. Aliás, brasileiros portadores de passaportes da Comunidade Européia também não devem viajar a menos que saibam falar o idioma de seu passaporte ou inglês impecavelmente, sem sotaque.
O motivo? Todos os golpistas, vendedores de bonde e Torre Eiffel estão esperando os brasileiros com seus contos de vigário intensamente ensaiados. Contos do vigário feitos sob medida para as neuras brasileiras. O Brasil e os brasileiros são o novo pato internacional.
Novos ricos, com o dólar a R$ 1,60, com o crédito farto, os brasileiros não tem experiência senão como mochileiros. A vida como turistas respeitáveis começa agora.
Mas o que realmente interessa são as atitudes de nosso turista número um. Sua recente estada na Bolívia, onde entregou entre US 750 milhões e US$ 1 bilhão aos bolivianos, já tendo permitido que nos espoliassem em outros muitos bilhões é nosso atestado de pato (Com sinceras desculpas ao jogador Pato que não é nenhum pato apesar dos poucos anos).
Pato, caso precisem ser lembrado é o sujeito que os vigaristas esperam assar.
Pois estamos oficialmente rotulados como patos. O Nerso da Capitinga não foi junto com o Lula. E o Lula desta vez não verá escândalos de dólares na cueca. Perderá as nossas cuecas. É muito mais respeitável pegar estes dólares todos que serão investidos na Bolívia e levá-los para Las Vegas, ou Punta del Este (para ajudar o Tabaré Vasquez) e jogá-los num cassino do que confiá-los num vizinho que diz: O Brasil tem tanto, bem que pode dar uns bilhões (bi, não mi) para a Bolívia ".
Creio que esta transação definitivamente qualifica o Lula para ser alvo de um voto de não-confiança. Insistir nessa transação, à luz do fato de que não há nenhuma garantia é mostrar a vontade férrea de Lula de fazer o bem às custas dos outros. Confirma o fato de que a CPMF não faz falta. O Lula tem de perder renda para não jogar dinheiro fora.
Enquanto isso na Gare de Lyon ouvimos:
“Lá vem mais um brasileiro. De quem é a vez de depenar este pato? Semana passada a turma que toca música andina na entrada do metrô arrancou um bi deles. É a nossa vez.”.

4 comentários:

Abreu disse...

Ralph,

Ou eu sou lunático ou sou mais um desses patos comentados por Você.

Pato gramático, devo dizer.
Não pelo fato de comer grama, mas por me interessar pela gramática e pela lógica não só da prática vernacular como também das atitudes dos indivíduos — notadamente dos "indivíduos políticos" — e dentre esses, muito especialmente daqueles que sempre viram maldade até no ato dos bebês-meninos urinarem em jato quando levados às pias batismais (se esses mesmos bebês fossem filhos dos seus adversários).

Sou dos que praticam o lema "business are business" e reconheço que em matéria de negócios há que se ter frieza.
Só que isso é outra história.
Não há frieza possível em ser esbulhado, epoliado, inegavelmente roubado e voltar à presença do ladrão dizendo que hipoteca-lhe confiança e solidariedade, SÓ QUE COM O DINHEIRO ALHEIO!

O índio cocaleiro vai nos roubar outra vez!
A Petrobrás vai enterrar mais alguns bilhões de dólares na BOLÍVIA para extrair gás natural que os bolivianos venderão para outros (argentinos e chilenos) e não para os brasileiros.
Agora, a Petrobras investe, afinal. business are business.
Na hora de vender o produto (sem ganhar nada com isso), o cocaleiro lembrará da mesma máxima e, como business are business, venderá para quem pague mais caro (mesmo que não tenha investido na prospecção/exploração) e receberá todos os mimos do apedeuta — que se fará de ofendido-compreensivo, complascente, "amplo" (se é que me entende)...

"Sei não", mas não posso deixar de acreditar que "tem gente" aí levando suas vantagens POR FORA enquanto nos resta tomar no...

Isto é revoltante — notadamente para quem não gosta (como no nosso caso), de tomar lá!

Saudações,

ma gu disse...

Alô, Ralph.

De novo você está certo (ô saco!). Nós, brasileiros, enquanto essa anta estiver no 'pudê', deveríamos chegar na Europa portando, ao invéz de mala, aquele saquinho de pano xadres pendurado na ponta de uma vara carregada no ombro.

ma gu disse...

Alô, Ralph.

É ao invés. Ô anta antiquada...

Ralph J. Hofmann disse...

Cara

Até o irmão de um amiogo meu, boliviano, que viui os dois irmãos se formamrem em engenharia, casareme se arrumarem no Brasil, que casualmente toca música do altiplano na boca do metrô, já tá nos querendo explicar como somos troouxas.
Nossa reputação jamais se recuperará.
Somnos os néo-portugueses.

Ralph