9 de mar. de 2011

O desastre

Ralph J. Hofmann


Muitos de nós preferimos calar durante as primeiras semanas da presidência Dilma. Afinal de contas no início de sua gestão Lula nos surpreendeu não desmantelando o trabalho de FHC. Só falava mal dele, mas não tomou nenhuma medida contra. Tínhamos de dar um refresco para Dilma.

De fato, em algumas coisas, como na política internacional no tocante a Ahmadinejahd, sentimos alguma melhoria. Feito o primeiro balanço da situação econômica Dilma anunciou cortes de despesa, e para bom entendedor já ficou claro que o PAC segue nos planos, mas dificilmente terá prosseguimento em 2011. O caixa foi raspado para elegê-la. A crise está estabelecida e não será fácil de debelar, pois os maus hábitos de novos-ricos da cúpula petista não cessaram.
Sabemos também que Dilma de fato se debruça sobre os papéis de estado de manhã cedo até o fim do dia. Nada mais justo, pois foram despendidos bilhões de dinheiro dos contribuintes para elegê-la. Pelo menos deve trabalhar em troca disto.

Hmmm! Mas o que vejo? Após oito semanas no cargo ela está tirando uns dias de folga. Não pode ter acabado o gas ainda. Mas... nada mais justo. Afinal de contas isso é Brasil, é carnaval, e a progressão do carnaval, levou a folga que era apenas na quarta-feira de cinzas de manhã nos anos sessenta, na maioria dos estados a uma folga de sábado a quarta feira. Claro que a presidente deve descansar quando seu povo descansa.

Se não me falha a memória, a partir do presidente Figueiredo o local de lazer dos presidentes do Brasil passou a ser a Granja do Toro, bem defendida por seguranças com ótimas instalações.

“Não! Não serve! Tem de ser na praia!” “ Ah bom. Então quem sabe a Barreira do Inferno. Mas lá é muito precário.” “Uma reformazinha. Qualquer oito milhões e fica tudo nos trinques.” ”Péraí presidente. Não era melhor mandar estes oito mi para saldar compromissos contra as vítimas das enchentes de SC que estão há dois anos esperando? “Isso é compromisso do Lula! Meu compromisso é com o pessoal da serra no Rio e isto tem tempo, não faz nem um mês.”

“Mas e se a senhora ou seu neto passarem mal?” “Faz que nem em Porto Alegre, bloqueia os serviços necessários para nós. “

E assim um cidadão quase morreu por falta de UTI porque duas vagas de UTI estavam bloqueadas. A vida de pessoas que trabalham na Barreira do Inferno vira um lixo porque a segurança presidencial estabeleceu regras de exceção. Estão com uma ocupação militar estrangeira em sua própria terra.

E tudo às nossas custas. Será que ela não podia ter aproveitado algum dos locais irregularmente reformados para Lula durante e após sua presidência? Será que os equipamentos novos ainda estão nestes locais?

A minha sugestão, provavelmente mais barata do que reformar mais um local para o fim de semana da presidente é a seguinte. Peça ao Barak Obama para emprestar Camp David. Aproveite a vista dele para estabelecer quem ocupa Camp David quando. “Locos no son los que piden. Son los que dan”. (Loucos não são os que pedem, são os que dão).

Outra possibilidade é, se o Khadaffi cair arrematar uma das tendas luxuosas dele. Aí dá para montar um palácio de tendas onde que possa chegar uma tropa de camelos.

De minha parte sugiro que os estados e municípios ao serem informados que Dilma vem visitar informem que não é de seu interesse receber o incômodo de uma visita presidencial. Que um desastre natural é mais bem-vindo.



(*) Fotomontagem: Dilma recebendo do casal Obama (Barack e Michelle) Camp David, para passar as férias da Semana Santa (22 a 24/4).

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