21 de jan. de 2008

Cezar Maia - O trapalhão

Delfim Neto era o todo-poderoso czar da economia, nos tempos do general Garrastazu Médici. O "milagre brasileiro" ia de vento em popa, mas o Palácio do Planalto não se preocupava apenas em demonstrar crescimento econômico. Havia vigilância permanente diante dos preços de gêneros de primeira necessidade e, de tabela, dos impostos e taxas federais, estaduais e municipais. Era uma forma de o regime buscar popularidade.
Governava a Guanabara o inefável Chagas Freitas (foto), em nome da oposição consentida, mas, na realidade, sabujo dos militares. No começo de 1971 os cariocas foram surpreendidos com monumental aumento no IPTU, em média de 100% sobre o ano anterior.
O jornalista Villasboas Correa costumava conversar todas as semanas com Delfim, privilegiado observador da cena política. Certa manhã, mostrou ao ministro o carnê de seu imposto dobrado. Delfim não teve dúvidas: na mesma hora pediu uma ligação telefônica para o governador e passou-lhe monumental espinafração, acusando-o com muita ironia de sabotador do governo, comunista inserido no contexto que buscava colocar a opinião pública contra os militares, que no fim seriam responsabilizados pelo aumento.
Cinco minutos depois as emissoras de rádio anunciavam "importante comunicado do governador", que voltou atrás, revogou o aumento do IPTU e ainda desculpou-se dizendo haver sido traído por tecnocratas comunistas da Secretaria de
Finanças. Delfim riu a mais não poder.
Por que se conta essa história? Porque o prefeito do Rio, César Maia, acaba de reajustar o IPTU em até 300%, embora agora diga que vai revogar. Vamos aguardar

Por Carlos Chagas

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