15 de jan. de 2008

Farc não são exército

Será que o quente é frio? Que o branco é preto? Que o amor é ódio? Na semana que passou fomos bombardeados não apenas pela proposta do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, exortando os países da América Latina a considerarem as Farc colombianas parte integrante do sistema democrático do continente.
Em especial, assusta-nos a dúvida verificada em muitos setores políticos nacionais, inclusive parte do PT, no sentido de achar válido o raciocínio de que aquele grupo de seqüestradores, terroristas e traficantes empenhados em combater as forças da lei possa ser incorporado ao jogo institucional a tanto custo praticado na comunidade latino-americana.
Convenhamos, trata-se de um absurdo, mas capaz até mesmo de abafar a voz das duas seqüestradas agora libertadas, que mal começaram a relatar o horror porque passaram durante anos e já começam a ser desacreditadas. Ignora-se o número dos infelizes conservados em cativeiro na parte da floresta amazônica pertencente à Colômbia.
Seriam 700? Mesmo 100. Até 10, ou um só que fosse, serviria para caracterizar a ação de bandidos, não de um grupo político oposicionista. Junte-se aos seqüestros a parceria das Farc com o narcotráfico, sustentadas que elas são pela produção e a venda de drogas e se terá a receita de crimes continuados para os quais só poderá existir o peso dos tribunais e da lei.
O problema é se a moda pega por aqui. Não faltarão vozes para estender o mesmo absurdo proposto por Chávez aos animais que controlam a maior parte das favelas e periferias do Rio e outras capitais. Eles também seqüestram, traficam, assassinam e intranqüilizam. Realmente, estamos próximos daquela situação em que o quente é frio, o branco é preto, e o amor é ódio...

Por Carlos Chagas

2 comentários:

Anônimo disse...

Leio uma declaração atribuida ao chanceler Celso Amorim que a libertação dos sequestrados deve ser considerada uma ação humanitária. Isso nos leva á lógica elementar. O sequestro, portanto, é uma ação desumana. Correto? Não para o sábio socialista,pois o Brasil não aceita o fato de as FARC serem um grupo terrorista. Cabeça de socialista tem coco em abundância.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

A lógica do anônimo é irretorquível.
Eu não acredito que a maioria dos adeptos do 'glorioso' partido sejam a favor de que o crime de seqüestro seja ato político. No entanto, continuam a votar no partido que aceita isso como natural. Será que os brasileiros conseguiram abolir a lógica?