“A Secretaria de Saúde do Estado de Goiás confirmou que o espanhol Salvador Peres, morto no último sábado (12), em Goiânia, contraiu a febre amarela. A aposentada Maria Geraldina Siqueira, de 63 anos, falecida no último dia 9, também tinha a doença.
Moradora de Mogi das Cruzes, ela esteve em Ceres (GO) para visitar parentes no fim do ano passado. O resultado dos exames sorológicos feitos pelo Laboratório de Saúde Pública foram divulgados hoje à tarde. Com essas confirmações, já são cinco casos de morte por febre amarela este ano no País. O Lacen continua analisando os exames de outros sete suspeitos.”
Matéria editada no em Rio de Janeiro 20 de novembro de 1889
A moléstia ganha contornos de epidemia: 2.000 pessoas morrem no Rio de Janeiro em doze meses
A moléstia voltou com fôlego de epidemia. Até o final do ano, calcula-se que cerca de 2.000 moradores do Rio de Janeiro morrerão vítimas da febre amarela, a doença tropical que mata duas entre dez de suas vítimas e contra a qual não existe tratamento ou vacina eficazes. No ano passado, as autoridades de saúde do Império chegaram a anunciar que a moléstia estava sob controle no país - apenas 747 cariocas haviam morrido de febre amarela em 1888. O balanço deste ano mostra que as previsões otimistas sobre a doença estavam erradas: os casos triplicaram. O Rio de Janeiro é a cidade onde se registra a maior incidência da doença no país. A moléstia se caracteriza por sintomas como vômitos, calafrios, rubor na face e, é claro, febres altas. "A febre amarela, junto com a peste bubônica e a cólera são os maiores desafios da medicina moderna", afirma o cientista francês Louis Pasteur, uma das maiores autoridades em microbiologia do mundo.
Moradora de Mogi das Cruzes, ela esteve em Ceres (GO) para visitar parentes no fim do ano passado. O resultado dos exames sorológicos feitos pelo Laboratório de Saúde Pública foram divulgados hoje à tarde. Com essas confirmações, já são cinco casos de morte por febre amarela este ano no País. O Lacen continua analisando os exames de outros sete suspeitos.”
Matéria editada no em Rio de Janeiro 20 de novembro de 1889
A moléstia ganha contornos de epidemia: 2.000 pessoas morrem no Rio de Janeiro em doze meses
A moléstia voltou com fôlego de epidemia. Até o final do ano, calcula-se que cerca de 2.000 moradores do Rio de Janeiro morrerão vítimas da febre amarela, a doença tropical que mata duas entre dez de suas vítimas e contra a qual não existe tratamento ou vacina eficazes. No ano passado, as autoridades de saúde do Império chegaram a anunciar que a moléstia estava sob controle no país - apenas 747 cariocas haviam morrido de febre amarela em 1888. O balanço deste ano mostra que as previsões otimistas sobre a doença estavam erradas: os casos triplicaram. O Rio de Janeiro é a cidade onde se registra a maior incidência da doença no país. A moléstia se caracteriza por sintomas como vômitos, calafrios, rubor na face e, é claro, febres altas. "A febre amarela, junto com a peste bubônica e a cólera são os maiores desafios da medicina moderna", afirma o cientista francês Louis Pasteur, uma das maiores autoridades em microbiologia do mundo.
A volta da febre amarela mudou a rotina do Rio de Janeiro nos últimos doze meses. Em abril passado, por exemplo, os teatros cariocas estavam às moscas. As notícias que correram na Europa de que uma nova epidemia de febre amarela grassava no Rio de Janeiro espantaram as companhias líricas que todos os anos, especialmente no mês de abril, se apresentavam no país. Boa parte dos turistas estrangeiros também desapareceu. A doença aportou no Brasil há quarenta anos trazida por um navio americano. A barca Navarre chegou ao Rio de Janeiro em dezembro de 1849, com uma tripulação de nove marinheiros vitimados pela doença. A moléstia logo se espalhou como pólvora. No ano seguinte, uma epidemia se desencadeou, e 4.000 pessoas morreram. O espectro da febre amarela diminuiu nos anos seguintes, para voltar a explodir agora.
"Uma boa explicação para o avanço da febre amarela é a situação caótica de saneamento básico na capital do país", afirma o médico Antônio Martins de Azevedo Pimentel, que acaba de publicar o livro Subsídios para o Estudo de Higiene no Rio de Janeiro. Neste trabalho, Pimentel cita diversos exemplos de desmazelo. O Canal do Mangue, que corta a cidade vindo dos arrabaldes da Tijuca, está completamente poluído por esgotos. "As águas sujas ficam estagnadas, pois o canal fica abaixo do nível do mar. Quando vêm a maré alta ou as chuvas, os detritos ganham as ruas e espalham doenças", diz Pimentel. Outro foco de doenças seriam os matadouros. É certo que a situação já foi pior. Há trinta anos, os esgotos domésticos eram acondicionados e transportados em precários barris de madeira, conhecidos como "tigres". Hoje, boa parte desses esgotos vai parar no oceano com o auxílio de tubulações subterrâneas. A estrutura de saneamento montada nos últimos anos, contudo, não está sendo capaz de acompanhar o crescimento desenfreado da cidade.
Existe um consenso entre os cientistas de que locais insalubres determinam a proliferação da doença. Isso porque os casos surgem com mais freqüência naqueles lugares onde falta saneamento básico. As causas da moléstia, contudo, continuam a ser um mistério. A teoria mais aceita é a de que a doença seria causada por uma bactéria ou um vírus minúsculo - e se transmitiria através do contato com pessoas infectadas. Há dois anos, o médico cubano Carlos Finlay levantou a hipótese de que insetos seriam os agentes transmissores da febre amarela - mas esta idéia é vista com reservas pela maioria dos cientistas. Jovens pesquisadores brasileiros também se esmeram em buscar respostas para a moléstia. O estudante de Medicina carioca Oswaldo Cruz, por exemplo, está realizando uma pesquisa sobre os micróbios encontrados nas águas paradas do Rio de Janeiro. Somente através de investimentos em pesquisa o Brasil encontrará soluções para o mistério da febre amarela.
"Uma boa explicação para o avanço da febre amarela é a situação caótica de saneamento básico na capital do país", afirma o médico Antônio Martins de Azevedo Pimentel, que acaba de publicar o livro Subsídios para o Estudo de Higiene no Rio de Janeiro. Neste trabalho, Pimentel cita diversos exemplos de desmazelo. O Canal do Mangue, que corta a cidade vindo dos arrabaldes da Tijuca, está completamente poluído por esgotos. "As águas sujas ficam estagnadas, pois o canal fica abaixo do nível do mar. Quando vêm a maré alta ou as chuvas, os detritos ganham as ruas e espalham doenças", diz Pimentel. Outro foco de doenças seriam os matadouros. É certo que a situação já foi pior. Há trinta anos, os esgotos domésticos eram acondicionados e transportados em precários barris de madeira, conhecidos como "tigres". Hoje, boa parte desses esgotos vai parar no oceano com o auxílio de tubulações subterrâneas. A estrutura de saneamento montada nos últimos anos, contudo, não está sendo capaz de acompanhar o crescimento desenfreado da cidade.
Existe um consenso entre os cientistas de que locais insalubres determinam a proliferação da doença. Isso porque os casos surgem com mais freqüência naqueles lugares onde falta saneamento básico. As causas da moléstia, contudo, continuam a ser um mistério. A teoria mais aceita é a de que a doença seria causada por uma bactéria ou um vírus minúsculo - e se transmitiria através do contato com pessoas infectadas. Há dois anos, o médico cubano Carlos Finlay levantou a hipótese de que insetos seriam os agentes transmissores da febre amarela - mas esta idéia é vista com reservas pela maioria dos cientistas. Jovens pesquisadores brasileiros também se esmeram em buscar respostas para a moléstia. O estudante de Medicina carioca Oswaldo Cruz, por exemplo, está realizando uma pesquisa sobre os micróbios encontrados nas águas paradas do Rio de Janeiro. Somente através de investimentos em pesquisa o Brasil encontrará soluções para o mistério da febre amarela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário