28 de jan. de 2008

Lobato já sabia

Por Roque Sponholz

Monteiro Lobato escreveu em três semanas, no ano de 1926, antes de sua partida para os Estados Unidos, "O Presidente Negro ou O Choque das Raças". (Editora Brasiliense). Em síntese, prevê ele que a disputa presidencial norte-americana se daria entre três forças: As mulheres, os brancos e os negros.
Além da emancipação feminista, algumas de suas previsões já se concretizaram, como a destruição da pigmentação (lembrei-me do Michael Jackson): "....visto como esse negro de raça puríssima, sem uma só gora de sangue branco nas veias, era, apesar de ter o cabelo carapinha, horrivelmente esbranquiçado." (pág.218).
A urna eletrônica e até mesmo a internet: "Os eleitores não saiam de casa - radiavam simplesmente os seus votos com destino à estação central receptora de Washington. Um aparelho engenhosíssimo os recebia e apurava automática e instantaneamente, imprimindo os totais definitivos na fachada do Capitólio. De há muito se haviam eliminado as hipóteses de fraude, não só porque a seleção elevara fortemente o nível moral do povo, como ainda porque a mecanização dos trâmites entregava todo o processo eleitoral às ondas hertzianas e à eletricidade, elementos estranhos à política e da mais perfeita incorruptibilidade.
Não só os habitantes de Washington gozavam do privilégio de ler no Capitólio os números decisivos.
“O resto da população americana também os lia e na mesma hora, mas em suas próprias casas.” (pág.243).
Outras previsões: A esterilização em massa, o controle de natalidade pelo estado, etc.
O momento é mais que propício à leitura (ou releitura).

Um comentário:

Anônimo disse...

Estranho como os grandes gênios são proféticos, não? Leonardo da Vinci, Einstein, Jung, Lobato e, outro autor que adoro e que me guia nas minhas tentativas de entendimento da realidade atual: George Orwell, com os seus "Revolução dos Bichos" e "1984", também escritos na década de 20. Aliás, Benedita da Silva elegeu-se sob o mote de Monteiro Lobato: preta, mulher e pobre, segundo sua campanha. Que pena que esses motes não trazem uma renovação ética tão necessária!