7 de jan. de 2008

Mel & Vinagre

O governo federal e alguns setores empresariais andam eufóricos, como que festejando a volta do crescimento auto-sustentado da economia. Estará este fenômeno realmente ocorrendo ou será apenas uma tentativa do primeiro de colher dividendos políticos e mera satisfação dos segundos com o aumento das vendas?
O crescimento auto-sustentado é como o mel e as nossas instituições, como o vinagre. Não estamos prontos para encher o nosso vaso de mel, porque, estando ele cheio de vinagre, não temos onde pôr o doce líquido. O odre deve primeiro ser dilatado e limpo - uma verdadeira faxina - para que, livre do sabor amargo do vinagre, possa receber o mel. O processo requer trabalho, abnegação e patriotismo e causa sofrimentos temporários, que somente verdadeiros estadistas, que não se apeguem aos índices de popularidade como carrapatos a cavalos, estão dispostos a experimentar.
O sabor agradável do progresso material provém de liberdade econômica, criatividade, trabalho duro, capital humano (educação e saúde), tecnologia e boas leis, condições que o Estado deve esforçar-se para serem verificadas, como faz um jardineiro, podando galhos podres, regando e adubando aqui e ali. O azedume de nossas instituições resulta de uma carga tributária descomunal e injusta, encargos trabalhistas injustificáveis, corrupção generalizada, burocracia descomunal, centralização política, financeira e administrativa e conseqüente desrespeito ao princípio da subsidiariedade, ausência de marcos institucionais claros e estáveis, educação, saúde e infra-estrutura em condições deploráveis, violência nas cidades e no campo, impunidade, excesso de leis e regulamentações e inchaço do Estado, entre outros fatores. É, convenhamos, vinagre demais!

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