22 de fev. de 2008

A Corja Presidencial Não Quer Largar o Osso

Define-se o futuro depois de assentada a poeira da euforia dos companheiros pelo excepcional desempenho do presidente Lula e do governo na pesquisa CNT-Sensus. Nem o maior dos marqueteiros, de caso pensado, faria melhor do que a pesquisa fez, sem querer. Agora de modo definitivo, fica óbvio que o PT não tem e não terá candidato próprio em condições de chegar ao segundo turno das eleições presidenciais de 2010.
Por maiores méritos pessoais de que disponham Patrus Ananias, Dilma Rousseff e Tarso Genro, nenhum deles chega sequer aos 5% das preferências populares, em consultas induzidas. Nas espontâneas, então, nem aparecem. Reunindo as duas pontas da equação, o resultado é um só. Para manter o poder, apenas uma saída se apresenta ao PT e penduricalhos: o terceiro mandato. Seria uma barbada a recondução do Lula.
A pergunta surge obrigatória. Vão entregar o ouro ao bandido? Largarão as nomeações, as benesses, as ONGs fajutas, os cartões corporativos e o controle do governo? Nem que as vacas comecem a voar.
Insistir em nomes do partido, como os referidos e outros, equivalerá a mergulharem no poço sem fundo da frustração. Custaram tanto a subir a rampa do Palácio do Planalto e agora serão despejados pela porta dos fundos?

(*) Foto: Lula, Marisa Letícia e Ministros na Granja do Torto

Por Carlos Chagas
Pode o presidente Lula não considerar a hipótese, coisa de que muitos duvidam, mas outra saída não haverá. Só ele garantiria mais alguns anos de poder para seus atuais detentores. Com o adendo de que outras forças partidárias cederiam ao imperativo indisfarçável, mesmo docemente constrangidas. Nem o PMDB, nem o PR, nem o PTB e sucedâneos teriam opção, porque mesmo deglutindo as migalhas caídas da mesa do banquete petista ficarão melhores do que diante da vitória de um tucano. Até Ciro Gomes tem dito que contra o Lula não disputa.
Como se daria a mais nova e contraditória metamorfose, expressa na mudança radical das regras do jogo, feita para preservar seu resultado? São várias as alternativas, ainda que uma sobressaia: a aprovação de emenda constitucional acabando com a reeleição e estendendo os mandatos presidenciais para cinco anos. Nesse caso, o apagador seria passado no quadro-negro, começando tudo de novo, ou seja, todos os brasileiros poderiam disputar a nova presidência da República, inclusive ELE.
Abre-se uma cortina de fumaça para a viabilização desse golpe. Uma crise nacional, de verdade ou forjada, levaria o Congresso a alterar a Constituição. Mesmo a frio, sem crise, se a maioria governamental funcionar a contento, não haveria problema. Para não falar no mote popular de que em time que está vencendo não se mexe.
Na verdade falamos de golpe. Outro nome não há, num país que já viu tantos, sempre como solução para grupos ocuparem ou preservarem o poder quando não confiam nas eleições. Alguém imagina pruridos ou constrangimento por parte dos que gozam as delícias do domínio da coisa pública como se fosse coisa privada? Quem reagiria de maneira ordenada?
Não serão as elites nem o empresariado, tendo em vista o excepcional funcionamento da economia, que a todos atende. Os bancos estão aí mesmo para não deixar ninguém mentir. A grande imprensa sempre encontraria um jeito de acomodar-se à truculência. Os militares cumprem a lei, e se ela for mudada de acordo com as regras constitucionais baterão continência.
As centrais sindicais faz muito perderam a independência. As igrejas continuarão voltadas para a vida eterna, uma, e para o bem-estar de seus pastores, outras. O funcionalismo público não se mexerá, caso aquinhoado a tempo com a satisfação de parte de suas reivindicações. O MST? Nem pensar. As massas? Essas vão bem, obrigado, até contribuindo para o desemprego por não desejarem abrir mão do bolsa-família. Da classe média não se fala, há muito em rota batida para o desaparecimento.
Numa palavra, a conspiração encontrava-se em marcha lenta e acaba de receber boa dose de combustível, nos números da pesquisa CNT-Sensus. Quem viver, verá...

2 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Carlos Chagas fez um exercício futurista com uma lógica irrebatível, adornado pelo seu preâmbulo.
Como já está chovendo merda no campo, teremos que nos abrigar no estábulo. Mas este, já está repleto de boaça no chão. Não haverá VickVaporub para todos passarem no nariz...

Anônimo disse...

Boa. Agora eles vão consultar o espírito do Golbery para ver quem eles vão fabricar para fingir que muda e os mesmos continuarem mamando. Isto depois daquela merda toda que vai feder, segundo o comentário acima. Por isso, até o fim desse governo, eles vão estar muito à vontade para roubar bastante, abrigando-se sob o guarda-chuva da popularidade pessoal de Lula. Sarney vai ser um ds mentores da escolha do novo laranjão.