20 de fev. de 2008

Ensino de medicina

Por Plínio Zabeu

Tornou-se bastante preocupante a decisão do Ministério da Saúde tentando mudar o tipo de formação e especialização médica em fator de barateamento da assistência, dever do Estado e Direito de todo o cidadão. Vale lembrar neste instante que uma leitura detalhada da nossa Constituição mostra a palavra “dever” mencionada mais de 40 vezes enquanto a palavra “direito” apenas 4.
Pois bem. Tivemos há pouco o pronunciamento de uma autoridade respeitada no meio científico no assunto. Trata-se do Prof. Antonio Carlos Lopes (Titular da disciplina de Clínica Médica da Unifesp – Escola Paulista de Medicina e que foi secretário da Comissão Nacional de Residência Médica).
Será uma lástima se as autoridades responsáveis não levarem em conta o resultado de assunto tão estudado e esmiuçado.
Na realidade o que pretendem é transformar a qualidade do ensino e da especialização em simples orientação para atendimento nos postos do SUS. Justamente onde faltam condições, quer de material, quer de tempo, quer de ambiente e muito mais. Falta principalmente aquele que ensina, já que nosso aprendizado depende quase na totalidade do docente. Não se aprende medicina de outra forma.
Pela mão de obra barata, não se levará mais em conta a qualidade do ensino. Já é grande a luta de nossas entidades – Conselho Federal e Associação Médica Brasileira – no sentido de barrar novas escolas, bem como simplesmente fechar nada menos de 40% delas, incapazes de uma boa formação.
Temos hoje 167 escolas. Mais de 12 mil novos médicos por ano. Falta mostrar os resultados de pesquisa quanto à capacidade de cada um. Um estudo feito cuidadosamente entre médicos que participaram voluntariamente de exame de suficiência mostrou que nada menos de 63% não alcançaram uma nota que lhes garantisse qualidade para exercício normal da difícil profissão.
Escolas existem demais. Professores e recursos materiais de menos. Agora o Ministério da Saúde acha que os alunos e residentes devam ser preparados para a chamada “medicina social”. Pura demagogia como existem tantas principalmente no atual governo. Fala-se em trazer “professores” cubanos. Cuba teve uma boa evolução na ciência médica enquanto durou o aporte financeiro da Rússia. Sem ele, desde 1990, a qualidade vem caindo assustadoramente. Provam os resultados de tratamento do ditador que agora aparentemente se afasta.
Ainda há tempo. Que o Ministro da Educação interfira no assunto para que a qualidade da nossa medicina não despenque de uma vez.

(*) Foto da primeira Escola de Medicina do Brasil - inaugurada em Salvadro (BA) 1808

5 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Este tipo de post é muito importante, para manter esse assunto vivo, contra a patética demagogia petista a respeito da Saúde(?)...

Anônimo disse...

A bem da verdade não posso dizer que Alexandre o Grande,tenha lido o epitáfio do grego: "As visitas repetidas dos médicos me mataram".Pois na hora de sua morte reclamava:"Estou morrendo com a ajuda de muitos médicos".
A nossa última e grande esperança, é Lula ir se tratar no AA do SUS.

Anônimo disse...

Não conheço a Constituição no que se refere à Saude, mas conheço bem o ECA, a parte da Constitução que fala de Educação e a Lei de Diretrizes e Bases. Imagino que na Saúde seja a mesma coisa que na Educação: temos direito ao acesso gratuito, respeitadas as nossas singularidades etc... et... Ao Sistema Único de Saúde cabe...blá..blá.. E é só isso, mesmo. Recentemente fui operada e tive que pagar, pagar, mesmo, até para saber o que tinha. Falaram que eu tinha câncer e, um ano se passou para saber se tinha ou não. Como depois de um ano, não se resolveram, fui a uma médica particular, fiz os exames e...eureka...não tinha câncer, mas tinha que ser operada. Um filho da puta que assusta assim uma pobre cidadã não merece a forca?

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Para a Rô-litoral.
Antes de pensar em forca, sugiro que você vá até ao Conselho Regional de Medicina(local) e registre uma queixa contra o médico que lhe disse que tinha câncer. Depois vá até o MP e apresente seu caso. Um sujeito desses precisa ser condenado a pagar danos e perdas para aprender a tratar melhor seus pacientes.
Enquanto os cidadãos não procurarem seus direitos, a situação não vai mudar...

Anônimo disse...

Obrigada, magu, agora já foi. Já faz um ano que fui operada. Graças a Deus estou bem. Devido a essa operação, em que tirei as coisa de muié, não posso fica mais "naqueles dias", como brincamos há dias atrás. Também pela idade não dava mais (disfarça). Mas emocionalmente ando atacadíssima. E fica a experiência para a próxima que, espero, não aconteça.