13 de fev. de 2008

Imprensa brasileira come mosca

Por Chico Bruno

Houve uma forte motivação para o presidente francês Nicolas Sarkozy se abalar de Paris para visitar, por dois dias, o departamento ultramarino da Guiana Francesa. Com certeza essa motivação não foi a de conhecer a maquete da ponte que vai ligar por via terrestre a França ao Brasil. Muito menos conversar com o presidente Lula sobre os temas anunciados pela pífia cobertura da imprensa brasileira.
Qual terá sido a razão da viagem de Sarkozy a Guiana Francesa? Essa resposta a imprensa brasileira ficou devendo aos espectadores, ouvintes e leitores, com raríssimas exceções.
Sarkozy veio anunciar aos guianenses o início da Operação Anaconda, que objetiva banir do departamento ultramarino as pessoas que vivem clandestinamente na Guiana Francesa, em sua quase totalidade, brasileiros do Amapá, Maranhão e Pará.
Essa era a notícia, que infelizmente ficou em segundo ou quase nenhum plano na imprensa brasileira, que apenas se dedicou a cobrir de maneira enviesada a visita do presidente Lula ao território francês.
Que me desculpem os jornalistas que exercem o cargo de ombudsman, mas a cobertura da visita de Sarkozy a fronteira da França com o Brasil foi um desastre.
Vamos por partes. A grande maioria da população do país desconhece o que existe, como vivem e quem são aqueles brasileirinhos, que remam contra a maré as margens do rio Oiapoque.
O Jornal Nacional mostrou como vivem os brasileiros do lado francês da fronteira, mas omitiu como vivem os brasileiros no lado brasileiro. O restante da imprensa nem a esse trabalho se deu. Mais uma chance perdida de conhecer e se estarrecer com as mazelas brasileiras em nossas fronteiras ao Norte do país.
Com raras exceções, entre elas as matérias do Ray Cunha, na Agência Amazônia e Carlos Sardenberg, na rádio CBN, a imprensa não informou que a ponte sobre o rio Oiapoque data de 1997. Portanto há onze anos ela serve apenas para encontros entre presidentes franceses e brasileiros. Nunca saiu do papel. Infelizmente os repórteres não correram atrás dessa história, preferiram apenas receber a informação oficial fornecida pelo governo brasileiro e repassá-la aos seus leitores, ouvintes e telespectadores.
Mas, finalmente o que veio fazer mesmo Sarkozy na Guiana Francesa? Ele veio segundo as agências internacionais de notícias e o Fábio Maisonnave, na Folha de São Paulo, lançar a megaoperação Anaconda.
Na segunda-feira, 11, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou a ofensiva contra os garimpeiros que buscam ouro de forma ilegal na Guiana Francesa, a grande maioria de brasileiros.
A operação, começa na próxima semana, mobilizará mil soldados, utilizará meios aéreos, entre outros, e durará "o tempo que for necessário", disse Sarkozy à imprensa.
Na luta contra a extração ilegal de ouro, Sarkozy prometeu modificar os códigos das minas, de alfândega e de procedimento penal para reforçar o arsenal jurídico contra os clandestinos.
A extração ilegal de ouro, obra em muitos casos de garimpeiros vindos do Brasil, segundo Sarkozy, não contribui somente para a degradação ambiental da Guiana Francesa, por causa do mercúrio utilizado, mas também fomenta a insegurança na região.
- Não quero que continuem desrespeitando as barreiras terrestres e fluviais. Se alguns irredutíveis não entenderam que Guiana é França e que a França se faz respeitar, faremos com que entendam, advertiu Sarkozy.
Esse foi o foco da visita, merecia destaque da imprensa brasileira e a pergunta óbvia a Lula: E, aí presidente, o que o senhor acha da Operação Anaconda?
Mas, como a maioria dos repórteres, que acompanham o presidente Lula se restringe a reverberar as fontes oficiais do Planalto, nada lhe foi perguntado sobre o assunto.
Afinal, essa questão não constava do “briefing” realizado pelo porta-voz de Lula com os repórteres.
Infelizmente a imprensa brasileira anda muito preguiçosa, com raras exceções e, por isso, vive comendo mosca.

Um comentário:

Anônimo disse...

O que o Reinaldo faz com os petralhas que entram no seu blog, ou seja o famoso "Pé na Bunda".O Sarkô veio para meter o pé na bunda dos brasileiros que querem garimpar naquelas plagas.
Xoooô... brasileiros!