9 de fev. de 2008

O cartão pagou até o carro de Dirceu

Notas fiscais fraudadas, indícios de superfaturamento e um sem número de empresas encalacradas com o Fisco - algumas suspeitas de não passarem de firmas de fachada. Uma minuciosa investigação levada a cabo por auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) nos gastos secretos da Presidência da República - todos eles bancados pelos agora famosos cartões de pagamento do governo federal - revela um amontoado de irregularidades com potencial para abastecer por um bom tempo a Comissão Parlamentar de Inquérito a ser instaurada no Congresso Nacional para investigar suspeitas de fraude no uso dos cartões.
A Época teve acesso ao relatório da auditoria e a um punhado de notas fiscais até então mantidas sob absoluto sigilo. Algumas delas, emitidas entre 2002 e 2005, referem-se à locação de carros blindados para servir ao ex-todo-poderoso José Dirceu de Oliveira e Silva, ministro da Casa Civil da Presidência até junho de 2005, quando perdeu o posto, na esteira do escândalo do mensalão. Foram emitidas pela desconhecida Renaro Locação de Veículos, supostamente sediada no bairro Santa Paula, em São Caetano do Sul (SP).
Os valores variam. Uma das notas chega a R$ 4.362,21. É referente ao aluguel de dois carros para servir ao então ministro por um período de três dias, incluindo sábado e domingo, em abril de 2004. À primeira vista, de questionável aí só haveria a mordomia de Dirceu à custa dos cofres públicos. Mas há mais que isso. A tal Renaro simplesmente não existe no endereço informado na nota fiscal. Os técnicos do TCU sugeriram ao Ministério Público Federal que quebre o sigilo da empresa para averiguar o destino final do dinheiro pago pelo Planalto à empresa - com cartão corporativo e sob o manto do segredo. Leia mais no site da revista Época.

Atualização de 01h31 - Nota distribuída pelo ex-ministro José Dirceu em resposta à revista ÉPOCA:

"Com o título 'Escândalo dos cartões atinge José Dirceu´ o site da revista Época veicula notícia, segundo a qual, uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades em gastos sigilosos da Presidência da República e relaciona entre estes o aluguel de veículos que seriam para meu uso em alguns dias no período em que era ministro-chefe da Casa Civil.
Esclareço que nada tenho a ver com isso. Nunca tive conhecimento do fato, até porque a Secretaria de Administração da Presidência da República é que faz todos - repito, todos - estes procedimentos administrativos. Informo, ainda, que como ministro-chefe da Casa Civil nunca utilizei cartão corporativo.
A investigação do TCU, como afirma a reportagem, apurou, e aponta, uma irregularidade fiscal da empresa que teria alugado os carros e não uma irregularidade da Secretaria de Administração da Presidência. Lembro, também, que o uso de veículos pelos ministros é autorizado e regulamentado por lei.
Apóio toda e qualquer investigação sobre este e outros casos, mas não vejo qualquer envolvimento meu como ministro com a irregularidade fiscal apurada pelo TCU e nem com o aluguel dos carros - insisto, uma atribuição da Secretaria de Administração da Presidência da República.
Na reportagem o TCU não aponta nenhuma irregularidade do Governo e muito menos minha. Lamento profundamente que a revista Época envolva meu nome em seu site, dessa forma, sem ter me ouvido, ou sequer me procurado".

2 comentários:

Anônimo disse...

Será que o presidente francês Sarkozy, nos emprestaria sua guilhotina? Pois penso que cadeia, ainda está sendo pouco para essa cambada.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Infelizmente, ao afastar da política oficial essa figura malfazeja, o país deu-se um tiro no pé. Ele agora está mais solto, continua com sua importância dentro do desgoverno atual e, como 'consultor', pode fazer seus 'lobbies' em paz, mantendo o poder.
Na Chicago dos anos 30, o fato de Al Capone estar na prisão não diminuiu em nada sua importância e influência no submundo do crime.
Haja....