22 de fev. de 2008

Que tal deixar 2010 de lado?

Por Chico Bruno

Estamos a mais de dois anos da próxima eleição presidencial, mas a imprensa não larga o pé dos exercícios de futurologia.
Isso me remete a 1987. Logo após a posse dos eleitos em 1986, começaram as discussões na imprensa sobre a sucessão de Sarney em 1989. A imprensa começou a fazer conjecturas sobre as candidaturas de Ulisses, Brizola e Lula.
Mas, em 25 de junho de 1988 dissidentes do PMDB fundaram o PSDB, insatisfeitos com os rumos do partido e com a política adotada pelo governo de José Sarney. O partido recém criado participou das eleições municipais do mesmo ano, conseguiu conquistar 18 prefeituras, entre elas a de Belo Horizonte. Com isso, entrou nas conjecturas da imprensa o nome de Covas.
Para a imprensa, a eleição se desenrolaria entre Ulisses, Brizola, Lula e Covas.
Só alguns jornalistas enxergavam os movimentos de Fernando Collor, entre os quais o escriba. O resto da história todos conhecem com a eleição do carioca-alagoano.
Neste ano de 2008, a imprensa e os institutos de pesquisa continuam a exercitar a futurologia.
O principal exercício é sobre a candidatura presidencial tucana, em cujo ninho existem dois pré-candidatos Aécio Neves e José Serra.
Por enquanto, as pesquisas dão Serra em melhores condições do que Aécio.
Mas, a imprensa diz que, usando a máxima de que mineiro trabalha em silêncio, o governador de Minas Gerais está tramando a sua candidatura, tentando atrair o PSB e o PMDB, que propõe que ele troque o PSDB pelo PMDB.
Ainda, segundo a imprensa, Aécio não pretende adotar essa saída. Prefere disputar com Serra a indicação, pois acha que depois das eleições municipais a coalizão em torno de Lula vai tomar novos rumos e isso o favorece.
Tudo bem, mas retorno a eleição de 1989, que encerrava um ciclo e dava ao povo o poder de escolher diretamente o presidente da República, depois de 29 de jejum.
Em 2010 vamos encerrar mais um ciclo, no qual teremos 16 anos de poder alternado entre o PSDB e o PT.
Por isso, muita água ainda vai rolar nesse espaço entre hoje e 2010. Muita coisa pode acontecer, inclusive, aparecer um nome novo, como foi o de FHC em 1994, justo quando toda a imprensa achava que tinha chegado à vez de Lula.
Vale lembrar, que existe governador agindo em surdina, assim como Collor agiu em 1988, construindo sua candidatura com o apoio das elites brasileiras.
Portanto, é muito cedo para ficar gastando letrinhas sobre esse assunto. Existem coisas mais prementes para serem tratadas no presente.

Nenhum comentário: