20 de fev. de 2008

Sobre tigres e cabras

Por Ralph J. Hofmann

Confiar dinheiro aos cuidados do governo é como confiar a um tigre o cuidado das cabrasProvérbio Chinês

A milenária sabedoria chinesa novamente disse tudo.
O cartão corporativo é uma grande invenção. As empresas o usam. Antes do cartão éramos vulneráveis. Carregávamos tijolos de dinheiro no período Sarney. Ou usávamos cheques de nossas contas ouro pessoais pela empresa,
As empresas passaram a entregar cartões corporativos aos seus executivos. Assim eliminaram problemas quando uma viagem se estendia mais do que o previsto. Acabavam com perigo de portar grandes quantias e, de certa forma, tornavam mais rastreáveis as despesas.
Os cartões não eram para qualquer um, e o seu uso para retirar dinheiro tinha de ser rigorosamente justificado.
Mas empresas sempre visam custo baixo e lucro alto. As auditorias estavam ali zelando. Podíamos almoçar no Macedo ou dormir no Mofarrej, desde que isto estivesse no nível de despesas para o nosso cargo, ou fosse o nível de representação necessário para nosso trabalho. Podíamos convidar dez pessoas a jantar no Fiorentino em Brasília desde que isto beneficiasse a tarefa a ser cumprida.
Mas quem pode se atrever a cuidar do dinheiro que o governo gasta? Os auditores da União examinam as contas, os saques em dinheiro, as despesas excessivas em oficinas que dariam para manter a frota da primeira filha e mais os carros pessoais dos mordomos e emitem seu laudo.
E logo são taxados de estar sabotando o governo. Não têm espaço para cumprir seu dever com dignidade.
Concordo com o Lula. Foi uma coisa muito boa o FHC ter autorizado os cartões corporativos.
Mas onde está o guardião do tesouro que deve avaliar os abusos? Está ajudando a comer um rebanho de cabras.
O mínimo que deveria ocorrer nestepaiz é cobrar glosar a declaração do imposto de renda dos portadores de cartões com despesas não-comprovadas e fazê-los pagar imposto de renda sobre estas quantias. Creio que isso estimularia imediatas informações do destino dos valores.
Começando pelo misterioso comprador de um relógio Cartier.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ralph, A cada instante mais forte a idéia: esperar o vento frio do Norte!

Anônimo disse...

Caro Ralph:
Mais uma vez, na môsca. Só quem trabalhou numa empresa privada, para conhecer os limites de seus gastos em viagens a trabalho.
E os petistas, esse bando de vermes gosmentos e putrefatos, espertamente, talvez para se livrarem (ou tirarem os seus da reta), dizem que foi criado no governo do FHC. E por que àquela época não investigaram e só agora querem fazer isto?
Prisão é pouco para essa petralhada, deveriam cortar cana sem luvas, botas e facão, mesmo que isto tire alguns empregos dos coitados.