Há 37 anos, mais precisamente em junho de 1971, arrumei a mochila e pus os pés no que viria a ser, segundo os governos do Amazonas e do Brasil, a ligação rodoviária entre Manaus – São Paulo – Rio de Janeiro.
Estou falando da BR-319 (Manaus – Porto Velho). Um sonho incluído no ambicioso Plano Diretor de Transportes do Estado do Amazonas, elaborado em 1967 pelo governo estadual com apoio da União.
A BR-319 foi o que restou do plano, depois de uma análise benefício-custo das rodovias planejadas para cortar o Amazonas.
A Manaus - Porto Velho era a única, à época, que apresentava viabilidade econômica, “desde que executada em Plano Integrado Rodovia-Colonização”, segundo reportagem que publiquei em 12 de agosto de 1971 no Correio do Ceará. O tal plano integrado era o mesmo que foi utilizado na aventura da Transamazônica, da qual, guardo na memória a imagem de um engenheiro da Camargo Corrêa fiscalizando o trecho Altamira-Itaituba a bordo de um carrão importado conversível.
Lembro que trecho mais viável de toda a obra, a ligação Porto Velho – Humaitá, que foi concluída preliminarmente em 1969, já apresentava problemas em 1971 que precisavam ser sanados para que fosse trafegável nos 365 dias do ano.
Mesmo assim, o então governador João Walter de Andrade festejava, pois, “era a primeira cidade do Amazonas a ser integrada ao Sistema Rodoviário Nacional, via Cuiabá”.
Ufanista, o governador me disse:
- O desafio está sendo vencido pelo Amazonas, em 1973, Manaus estará ligado ao sul do País, via Cuiabá, pela BR-319. Serão 3.980 quilômetros até São Paulo e 4.395 quilômetros até o Rio de Janeiro.
Pelo que via, a bordo de um jipe, “elevações apavorantes: 6% de aclive e declive, igarapés entremeando a estrada”, conforme, escreveu em seis de junho de 1971 no Jornal do Comércio, de Manaus, a jornalista Eme Socorro, cheguei à conclusão que o ufanismo de João Walter seria derrotado pela força da natureza amazônica.
Hoje, 37 anos depois, a BR-319, ainda, gera controvérsias.
O impasse sobre a BR-319 está longe do seu fim.
Agora, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, quer transformá-la em ferrovia.
Braga defende a transformação da BR em ferrovia alegando que o país tem o mau hábito de investir somente em rodovias.
O governador tem lá suas razões, o Brasil investe muito pouco em navegação de cabotagem, seja navegação marítima ou fluvial e muito menos em ferrovias.
O problema é que o Ministério dos Transportes, tocado pelo ex-prefeito de Manaus, o senador Alfredo Nascimento, não pensa como Braga, tanto que as obras de viabilização da BR-319 vinham sendo tocadas pelo DNIT com a desculpa de se tratar apenas de uma reforma, o que eliminaria a necessidade de estudo de impacto ambiental. Aliás, um dos trechos a ser recuperado é da Gautama.
O IBAMA não engoliu a manobra, pois a “reforma” prevê que muitos trechos serão retraçados e embargou a obra, apesar do DNIT informar que a paralisação é devido às chuvas.
Faz 37 anos que andei por lá, mas, lembro que os técnicos afirmavam que o trecho entre o km 250 e o km 655 não seria trafegável nos períodos de chuva e que seria necessário refazer este trecho anualmente.
Durante a ditadura militar, a arrogância dos generais os levou a cometer grandes crimes contra a Amazônia, como a tentativa de levar a cabo o tal Plano Integrado Rodovia-Colonização.
A tentativa do DNIT em reconstruir a BR-319 é a persistência do erro, é jogar fora recursos públicos, haja vista, que a Manaus – Porto Velho é inviável, se fosse viável, suas beiradas estariam ocupadas por cidades que se formariam a partir de atividades predatórias.
Não sei se a idéia da ferrovia é melhor, mas imagino que o correto seria o presidente Lula mandar parar a tentativa do DNIT de reconstruir a BR-319 e abrir uma ampla discussão sobre o assunto.
Há 37 anos estive na BR-319. Lá, ouvi engenheiros da construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, afirmarem “que a obra era e seria um escoadouro permanente de recursos públicos”.
Lembro que trecho mais viável de toda a obra, a ligação Porto Velho – Humaitá, que foi concluída preliminarmente em 1969, já apresentava problemas em 1971 que precisavam ser sanados para que fosse trafegável nos 365 dias do ano.
Mesmo assim, o então governador João Walter de Andrade festejava, pois, “era a primeira cidade do Amazonas a ser integrada ao Sistema Rodoviário Nacional, via Cuiabá”.
Ufanista, o governador me disse:
- O desafio está sendo vencido pelo Amazonas, em 1973, Manaus estará ligado ao sul do País, via Cuiabá, pela BR-319. Serão 3.980 quilômetros até São Paulo e 4.395 quilômetros até o Rio de Janeiro.
Pelo que via, a bordo de um jipe, “elevações apavorantes: 6% de aclive e declive, igarapés entremeando a estrada”, conforme, escreveu em seis de junho de 1971 no Jornal do Comércio, de Manaus, a jornalista Eme Socorro, cheguei à conclusão que o ufanismo de João Walter seria derrotado pela força da natureza amazônica.
Hoje, 37 anos depois, a BR-319, ainda, gera controvérsias.
O impasse sobre a BR-319 está longe do seu fim.
Agora, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, quer transformá-la em ferrovia.
Braga defende a transformação da BR em ferrovia alegando que o país tem o mau hábito de investir somente em rodovias.
O governador tem lá suas razões, o Brasil investe muito pouco em navegação de cabotagem, seja navegação marítima ou fluvial e muito menos em ferrovias.
O problema é que o Ministério dos Transportes, tocado pelo ex-prefeito de Manaus, o senador Alfredo Nascimento, não pensa como Braga, tanto que as obras de viabilização da BR-319 vinham sendo tocadas pelo DNIT com a desculpa de se tratar apenas de uma reforma, o que eliminaria a necessidade de estudo de impacto ambiental. Aliás, um dos trechos a ser recuperado é da Gautama.
O IBAMA não engoliu a manobra, pois a “reforma” prevê que muitos trechos serão retraçados e embargou a obra, apesar do DNIT informar que a paralisação é devido às chuvas.
Faz 37 anos que andei por lá, mas, lembro que os técnicos afirmavam que o trecho entre o km 250 e o km 655 não seria trafegável nos períodos de chuva e que seria necessário refazer este trecho anualmente.
Durante a ditadura militar, a arrogância dos generais os levou a cometer grandes crimes contra a Amazônia, como a tentativa de levar a cabo o tal Plano Integrado Rodovia-Colonização.
A tentativa do DNIT em reconstruir a BR-319 é a persistência do erro, é jogar fora recursos públicos, haja vista, que a Manaus – Porto Velho é inviável, se fosse viável, suas beiradas estariam ocupadas por cidades que se formariam a partir de atividades predatórias.
Não sei se a idéia da ferrovia é melhor, mas imagino que o correto seria o presidente Lula mandar parar a tentativa do DNIT de reconstruir a BR-319 e abrir uma ampla discussão sobre o assunto.
Há 37 anos estive na BR-319. Lá, ouvi engenheiros da construtora Andrade Gutierrez, responsável pela obra, afirmarem “que a obra era e seria um escoadouro permanente de recursos públicos”.
Um comentário:
Fazer uma rodovia paralela a um rio navegável me parece burrice!
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