8 de mar. de 2008

Diogo Mainardi

"Lula se desmoralizou nos últimos anos. O que lhe resta agora é tentar pegar uma carona com Barack Obama. ... O relacionamento de Obama com seu financiador está sendo escarafunchado pela imprensa e pela promotoria pública dos Estados Unidos. Obama sentiu o efeito disso na semana que passou, com os primeiros sinais de esvaziamento de sua candidatura a presidente. "


Imbecilidades imobiliárias
por Diogo Mainardi

Lula e Barack Obama têm um ponto em comum. Apenas um: o jeito para os negócios imobiliários.

Na última segunda-feira, começou em Chicago o julgamento do empresário Antoin Rezko. Ele é acusado de corromper funcionários de um fundo estatal. Antoin Rezko ajudou a financiar a carreira política de Obama. Pior: ajudou-o a comprar sua casa, arrematando o terreno adjacente e repassando-o em seguida, a um precinho camarada, ao próprio Obama.

Cobrado pela imprensa, Obama declarou que, ao aceitar a ajuda de Antoin Rezko, cometeu uma "imbecilidade".

O caso de Lula é mais antigo e mais conhecido. A sua imbecilidade foi ter morado por nove anos numa casa de propriedade do advogado Roberto Teixeira, sem pagar aluguel. O assunto surgiu quando um antigo dirigente do PT acusou algumas prefeituras petistas de favorecer uma empresa ligada a um familiar de Roberto Teixeira.

O PT abriu um inquérito para apurar a denúncia. Interrogado pela Comissão de Ética do partido, Lula contou que, depois da campanha eleitoral de 1989, chamou Roberto Teixeira e lhe comunicou o seguinte: "Roberto, você não precisa dessa casa, não precisa, tem muitos imóveis aqui, eu vou ficar nessa casa". E, de fato, ficou. Nove anos. Sem pagar aluguel.

Como se trata de Lula – e a gente sabe como ele é –, um bom negócio acabou emendando em outro bom negócio. Quando ele saiu da casa de Roberto Teixeira, comprou um apartamento de cobertura. Quem lhe ofereceu a oportunidade? Sim: Roberto Teixeira. Lula deu alguns detalhes sobre o negócio aos comissários do PT: "Eu falei: ‘Roberto, eu não tenho dinheiro. Estou pedindo para o Paulo Okamotto vender meu carro e estou querendo vender um terreno’. Roberto falou: ‘Eu compro o teu carro’. Aí eu vendi o terreno por 72 paus e comprei o apartamento".

Isso tudo é velharia. É velharia o fato de que o carro de Lula foi vendido por um valor acima do de mercado. É velharia o fato de que ninguém registrou em cartório a venda de seu terreno por 72 paus. Os protagonistas dos dois negócios imobiliários prosperaram. Lula se tornou presidente da República. E Roberto Teixeira se tornou um advogado com acesso ao presidente da República.

Lula se desmoralizou nos últimos anos. O que lhe resta agora é tentar pegar uma carona com Barack Obama. O DIP lulista já fez a patetice de associar um ao outro. Mas Lula é pior do que Obama. Pior em tudo. E o Brasil é pior do que os Estados Unidos. Pior em tudo. O relacionamento de Obama com seu financiador está sendo escarafunchado pela imprensa e pela promotoria pública dos Estados Unidos. Obama sentiu o efeito disso na semana que passou, com os primeiros sinais de esvaziamento de sua candidatura a presidente. É o que mais diferencia os dois países: no Brasil, a imbecilidade compensa.

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, Cassio.

Não sei se concorda comigo. O termo não é bem esse. Imbecilidade. Faz parte do negócio, mas o nome do boi é outro.

ma gu disse...

Alô, Cássio.

Só para complementar o comentário.
Isso não foi visto pelos eleitores (na verdade, não quiseram ver) que, em virtude de terem D. Luis I como um lider messiânico, só ouviam as promessas.
Em ótica, leva o nome de aberração esférica. A curvatura do campo focal não permite boa visão das laterais, apenas para a frente.
Essas imbecilidades já existiam antes da primeira eleição.

Cassio disse...

O problema é quando esses messias conseguem conquistar democracias mais sólidas. Não sei como é o Obama, mas tenho receio desses discursos e políticos sem história que chegam com slogan de "mudança".
É claro, como o Diogo Mainardi demonstra, que lá ele não terá (caso eleito) a liberdade que nossos messias têm quando chegam ao poder.