31 de mar. de 2008

A influência do peido da vaca no aquecimento global

Por Adriana Vandoni

O inusitado existe. Tempos atrás (janeiro de 2006) um amigo me enviou uma matéria sobre uma pesquisa de cientistas ingleses referente à liberação de gás metano através dos flatos bovinos, com o comentário: Meu Deus onde vamos parar, os ingleses querem impedir uma atitude secular das vacas! E devaneando no tema surgiu a idéia de investir no aproveitamento do peido da vaca. Esse meu amigo, talvez mais visionário que eu, logo teve a idéia de criarmos uma certificadora de seqüestro de carbono com o peido das vacas. E nessa brincadeira de aproveitar o peido da melhor forma desde que não sejam as vacas as responsáveis pelo aquecimento global, surgiu meu primeiro artigo sobre o assunto: “Efeito peido”. Depois, em maio do mesmo ano, reeditei o texto com o nome “O peido é nosso!”, em função da crise de abastecimento de gás, naquela época em que o índio fechou a torneirinha e 'craw ni nóis’.
Claro que tudo era uma brincadeira, pois chega a ser absurda a idéia de que a vaca pode ser a culpada pelo aquecimento global, tão absurda quanto a idéia de encanar seu peido para abastecer automóveis, ou mesmo dar remédios pra vaca para controlar a liberação de gases, como disse meu amigo: é desanimal!
Pois passados dois anos fui procurada por uma aluna de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, que me enviou o seguinte e-mail: (acompanhem, vale a pena!)
Interessei-me por esse tema e estou escrevendo uma matéria a respeito. Achei muito interessante a forma como falou sobre o assunto e gostaria que você me respondesse algumas perguntas. Toda essa história, apesar de cômica, é real, mas até onde sei não há nada atualmente para diminuir a quantidade de metano que as vacas despejam no ar. Li que o arroto da vaca também contribui para o aquecimento global e só vi um cientista que inventou uma bala que poderia amenizar a situação, ele pediu patrocínio, mas me parece que não conseguiu. Gostaria de saber até onde você sabe a respeito do assunto. Há algo novo sobre o tema? Você acha que isso merece mais atenção? Espero poder contar com sua contribuição para a minha matéria.
Confesso que como tratei o assunto com palhaçada, custei a saber se ela estava zoando ou falando sério, respondi:
Este tema foi muito polêmico, escrevi sobre ele duas vezes, mas estou a sua disposição, apesar de não ser uma expert em aproveitamento do peido da vaca.
E eis que ela enviou-me as perguntas que publico com as respostas em vermelho:

1- Existem formas de diminuir a quantidade de metano despejada no ar pelas vacas?
Pelo que li, os cientistas estão testando um aditivo alimentar que pode diminuir em até 70% a quantidade de gás metano liberado pelo gado. Talvez no site do instituto você consiga informações atualizadas: http://www.rowett.ac.uk/. Eu, no meu leigo entendimento, sugiro fazer uma dieta e cortar alimentos como repolho, feijão, etc...Não sei se o capim é um potente indutor na produção de gases, confesso que nunca provei. Outra solução seria o confinamento, mas confinamento mesmo, entende? O problema é que teríamos vacas altamente inflamáveis. Além de perigoso seria desanimal.

2- Há algum país ou órgão governamental que se preocupe com o assunto?
Acredito que sim, não pela preocupação com a influência do peido no aquecimento global, mas pela busca de novas fontes de energia.

3- Como você mesma disse, esse foi um tema falado há alguns anos, mas agora pouco (ou nada) se ouve a respeito. Aliás, estou com dificuldades até para saber como está essa situação hoje. Por que você acha que esse assunto não ganha mais tanta divulgação?
Talvez por parecer um tanto quanto absurdo querer controlar o volume de gás metano do peido e arroto bovino, tão absurdo quando o encanamento do peido.

4- Como o Mato Grosso e os pecuaristas reagiram a notícia de que o boi era um dos maiores causadores do aquecimento global?
Não sei se o boi é um dos maiores causadores do aquecimento global, pelo que entendi é apenas um deles, mas acredito que os pecuaristas do estado de MT já possuem problemas demais para se preocuparem com o peido que seu boi solta.

5- Já li sobre o estrume suíno ser transformado em produção de energia, mas desconheço os dados de quantos produtores usam, se o projeto deu mesmo certo e se continua em andamento. Sei que para fazer esse processo é preciso um biodigestor, que é caro e não compensa para o dono do rebanho. Você sabe alguma notícia recente sobre o assunto?
Sei que existe um projeto em MT de aproveitamento do estrume suíno na produção de energia, talvez se você entrar em contato com a associação dos suinocultores, tente este site: www.porkworld.com.br

Espero ter colaborado com sua matéria sobre a influência do peido da vaca no aquecimento global.

5 comentários:

Chacon disse...

Já ví um documentário na TV onde um fazendeiro literalmente "engarrafou" o gás exalado pelo extrume do porco e ganha dinheiro com isso. Vou procurar na net se encontrar envio pra vcs muito interessante, acredito que para fazer isso com as pobrezinhas das vaquinhas seria mais dificil pois usam mais espaço fisico, para o porco o espaço é bem menor, e eles ficavam numa especie de bolha onde o gás não saia e era entubado.

Adriana disse...

Legal Chacon, acho q assim poderemos ajudar a estudante de jornalismo.
Obrigada

Ralph J. Hofmann disse...

Chaco

Na prática os indianos tem usado o estrunme etc. para gerar gás ha anos.
Cama de aviário também é bom. O perigo esta na poluição dos mananaciais. Essas microusinas tem de estar feitas de maneira que estejam isoladas do lençol freático. Dá para queimar o gás para aquecer chocadeiras, mas a geração de energia seria muito interessante com a queima desse gás ou mesmo para motores a gás, contudo a dificuldade maior seria comprimi-lo o que exige um compressor que quando olhei 4 anos atrás estavam achando um compressor adequado.
Os ingleses queimam a cama de aviário com fuel oil injetado para gerar energia elétrica.
Isso seria perfeitamente viável com estrume e com os dejetos de pocilga.

Anônimo disse...

Adriana.
Depois de ler esses artigos já não tenho mais dúvidas da causa do desaparecimento dos dinossauros. Pelo tamanho daqueles monstros o aquecimento global chegou a tal índice que tudo explodiu num enorme peido. Foi merda para todos os lados. Impossível a vida se tornou para aquelas criaturas. Pagaram o preço justo pelo descontrole peidal. Olha o perigo que corremos com seis bilhões e meio de produtores de flato, mais a quantidade de animais no pasto. O planeta está se transformando numa nova bomba. Jamais imaginei que seríamos todos heróis ao avesso. Fico pensando numa solução e, talvez, a rolha de champagne seja uma resposta às nossas agruras. Melhor ainda seriam os balões de festa. As crianças seriam instruídas a não os furarem sob pena de não comerem o bolo de aniversário. Sinto que o assunto é seríssimo. Desta vez vou ficar no anonimato, pois corro o risco de ser convocado pelos cientistas a contribuir com novas idéias.
A propósito, já estou iniciando um regime alimentar em que a produção de gases diminui consideravelmente. Não quero ser acusado pelas próximas gerações de tornar o mundo inabitável. Eu, com a minha ignorância científica, jamais poderia imaginar que um belo e gostoso peido pudesse acabar com a vida no planeta.

ma gu disse...

Alô, Ralph.

Você sempre me dá uma deixa.
Com a frase final do seu comentário, já imaginou criarem uma forma de recolher o que se produz em Brasília? Acabaria com o problema de energia do país...