30 de mar. de 2008

Magu e outro

Sobre o post abaixo, Magu, a situação na Amazônia é de fato complexa, existem interesses escusos, existem bandidos, pistoleiros, aventureiros, mas a maior parte é de gente boa, honesta e trabalhadora que paga pelos desfeitos dos outros. A briga por terra é um sem fim de legislações caducas, arcaicas. O índio é tratado como flora e fauna, a Funai criou foi uma fábrica de índios para aumentar cada vez mais as reservas, onde eles são impedidos de produzir em grande escala, apenas para subsistência. Acaba que a exploração das terras indígenas é sempre ilegal. Não sei se você se lembra da matança na Reserva Roosevelt. Aquilo foi uma atrocidade e diferente do foi publicado em grande escala, os índios não estavam matando garimpeiros para proteger a reserva, mas acertando as contas. O garimpeiro tem permissão para entrar desde que pague uma taxa fixa e mais um percentual do diamante que é retirado. Nesse caso, com a conivência, participação, organização e tudo mais, dos próprios funcionários da Funai.
No caso do desmatamento ilegal, que está na crista da onda, como escrevi no texto “dançando de sombrinha na corda bamba”, o Inpe errou e reconheceu o erro, mas o problema maior nem é ambiental, mas de imagem, de marketing. Temos um governador que é, mesmo antes de ser governador, o inimigo número um dos verdinhos histéricos. Blairo foi relapso e pensou que podia tudo, deixou o barco correr. Quem pena é a população que produz honestamente, é o dono do mercadinho da cidade que está praticamente estagnada, é cabeleireira, o barbeiro, o quitandeiro, entende? Essa gente que incentivada pelo governo federal veio para ocupar a Amazônia e hoje é tratada como bandido. Por isso culpo Blairo, pelo seu descuido, por fazer no estado apenas aquilo que é interessante para os seus negócios. Mato Grosso está servindo de aval para suas negociações. Ixi, minino, mas esse é um assunto loooongo..... rsssssss
Quanto à pergunta do “anônimo”, sim, Rômulo Vandoni é também o nome do meu pai que foi secretário estadual de Agricultura. Antes disso foi por oito vezes secretário municipal e, com muito orgulho, encho a boca para dizer que ele é meu pai. Um homem que sempre teve fama de caxias e cintura dura, isto é, aquele que não aceitava o ‘jeitinho brasileiro’ e que me ensinou que ter o sono tranqüilo vale mais que qualquer coisa, que sempre mostrou, com seu exemplo, que nem todo homem está a venda.
Em um episódio que foi muito comentado na época, um empreiteiro descuidado, que não conhecia o seu jeito, foi de cara lá oferecer-lhe uma bola. Tiveram que segurar meu pai, pois estava quase tirando a tapas o cara da secretaria.
Não escondo minha origem porque não me envergonho dela, pelo contrário, tenho muito orgulho.
E se o desejo do 'anônimo' é conversar sobre minha origem, estou à disposição. Não tenho nada a esconder, logo, este blog estará sempre aberto para o tema.

4 comentários:

Abreu disse...

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Adriana,

Sinto muito por dizer isto, mas seu pai te enganou quando disse que «...que nem todo homem está a venda». Lamento!

Sim!, porque ele mesmo se vendeu. E não foi só ele. Você também. E não pense que me excluo. Não! Eu também estou nessa.

Só que nos vendemos sem receber a paga. Nos vendemos à uma causa, a um ideal — e tanto quanto nos orgulhamos dessa escolha, dessa opção, fazemos questão de dizer isto de público e reiterar o nosso lado.

Repare: mesmo que recebendo salários pelo trabalho que vendeu, seu pai sacrificou a riqueza fácil que rejeitou ao não aceitar subornos e propinas. Então ele se vendeu sim, do mesmo modo que nos vendemos a todo instante — só que não foi comprado por ninguém. É isto que com muito orgulho sempre digo aos meus filhos.

Todo homem (e mulher) tem seu preço, sim. É que a maioria é barato demais e por mais caro que pareça ao se venderem para o lado mau, o preço é sempre mais alto do que verdadeiramente valem (ou seja, não passam de pulhas!).

Pelo contrário, nós, que não aceitamos subornos, bem sabemos que só não o fazemos porque o preço para este "artigo" de nossas prateleiras é simplesmente inatingível.

O nosso preço (pelo nosso trabalho) é público, publicável e não nos faz vergonha. O preço para corromper nossa ética, nossa consciência também existe: é uma causa melhor do que aquela em que estejamos trabalhando, ou a inequívoca consciência/comprovação de que a causa (ou seu rumo) esteja errada (ou vai dizer que alguém ocupa o cargo que seu pai ocupou por tanto tempo pela "só grana"? Claro que não!) Esta é a nossa diferença.

Então, seu pai te enganou...

Forte abraço,

Anônimo disse...

Eu também me vendi. Vendi-me ao caminho de querer só trabalhar para um dia avistar mais de perto a luz que tanto tenho perseguido na minha vida.

Ralph J. Hofmann disse...

Esta série de comentários me lembrou "O Homem que não Vendeu sua Alma", "A Man for all seasons" sobre Thomas More, escritor da Utopia, e "Mauá, o empresário do Império.
Devo escreever sobre isto nos próximos dias

ma gu disse...

Alô, Adriana.
Grato pela ampliação do assunto.
Alô, Ralph. Esperaremos. O assunto é ótimo.