7 de mar. de 2008

Pelo telefone

Por Toinho da Passira

O serviço secreto da Colômbia deixou vazar que foi uma ligação telefônica que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria feito ao porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes, que permitiu a localização do rebelde, segundo "relatórios de inteligência" colombiana, divulgados pela rádio Cadena Nacional RCN.
A ligação telefônica teria acontecido na quarta-feira, 27 de fevereiro, dia em que foram libertados os quatro congressistas colombianos após quase sete anos seqüestrados.
“Chávez, emocionado pela libertação dos seqüestrados, antes do prazo combinado pela guerrilha, por motivo de segurança, de dois dias, ligou para Reyes (para informar que tudo tinha ocorrido bem)". A informação foi passada por "altas fontes militares" colombianas, que pediu para não ser identificada.
No caso, há de se observar algumas coisas, primeiro que sendo verdade, há uma grande possibilidade de ter sido Hugo Chávez o grampeado, já que seu telefone acionou o telefone na área de selva, com pouca transmissão, que pode ser facilmente ser rastreado pela inteligência colombiana.
Mas falou-se também, quando do anúncio da morte de Reyes, que um informante havia sido determinante para a localização, que estaria sendo merecedora do prêmio de US$ 5 milhões, oferecido pelo governo americano, pela prisão ou eliminação do guerrilheiro.
O informante seria um fornecedor da guerrilha, que teria feito chegar às mãos de Reyes o telefone preparado, como um dispositivo GPS, auto-acionável facilitando as comunicações, ou alguém muito próximo de Chávez, capaz de fornecer a informação do momento exato que a ligação estava sendo feita.
Ou teria sido mera sorte do serviço de informação, que rastreava a área, e captou a ligação, e daí para conseguir a localização do telefone receptor é um passo.
No caso deixar escapar de propósito que há um informante colaborador nesse caso, é tipo do serviço secreto americano, que com isso, sendo verdade ou não, visa plantar a desconfiança no campo inimigo, que no caso pode ser o fechado círculo dos que sabiam que Chávez estava fazendo a ligação, até aqueles que forneceram o telefone para Reyes, ou estiveram com ele, nos instantes que antecederam ao ataque e lá não estavam quando o guerrilheiro foi atacado.
Toda informação que o serviço secreto deixa vazar é proposital, para confundir ou expor o inimigo, pois não há nenhum interesse prático em divulgar como conseguiu o êxito da missão, pois o mesmo método poderia ser utilizado novamente, e com a sua publicidade, alerta o inimigo.
No caso, serve também para ridicularizar Chávez, que de uma maneira ou de outra, tem se utilizado da guerrilha, da sorte dos reféns, para se projetar mundialmente, e para causar embaraços aos Estados Unidos, via o seu aliado sul americano, a Colômbia.
Mesmo sabendo que tudo pode ser inverdade, os guerrilheiros e Chávez não vão mais usar esses telefones para se comunicar, o que dificultará, por demais a vida dos guerrilheiros, espalhados por diversos acampamentos na selva, e estarão desconfiados com todos que estiveram por perto nos dias que antecederam o ataque.
Por fim há de se registrar a eficiência dos que plantaram a notícia, fazendo-o numa rádio regional, que faz poucas perguntas, mas com capacidade de espalhar por todo o planeta, via agências de notícias, como um rastilho de pólvora.
Voltamos à velha máxima jornalística, de que em toda guerra, a primeira a morrer é a verdade.

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