14 de mar. de 2008

Pessoa e pessoas

Alguns leitores já devem ter percebido que Fernando Pessoa é meu autor favorito. Pessoa ou qualquer uma das pessoas por ele criadas. Talvez esteja ai o meu fascínio por Fernando Pessoa. Ele não foi um, foi muitos dele mesmo. A sua poesia era tão grande que não cabia só nele, então ele fez vários dele, por isso ele um dia escreveu: “Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não”.
Tenho um amigo, uma grande pessoa, que quando soube desse meu fascínio por Pessoa, sempre me envia algo. Hoje eu resolvi retribuir com um poema de Alberto Caeiro, considerado o mestre de todos os heterônimos de Fernando Pessoa:
Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos, 1917

3 comentários:

Abreu disse...

.
Tudo me importa.
Tudo me importa, o quê?
Não sei.
Tudo me importa.

Anônimo disse...

Adrian, Fernando Pessoa é incomparável.
Para mim, nenhum poema no mundo, em qualquer lingua pode ser .comparado ao poema "Tabacaria".

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
............
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
............
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
............
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

Fernando Pessoa
Ficções do Interlúdio/4
Poesias de Álvaro de Campos
Editora Nova Fronteira

Mauro Moreira
São José dos Campos - SP

Anônimo disse...

O Fernando era uma boa Pessoa.Um poeta maiúsculo.