14 de mar. de 2008

Um exemplo de ética

Por Dora Kramer

O governo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o PDT, estão todos empenhados em armar o que entendem ser a melhor moldura para a retirada de Lupi da presidência do partido sem parecer que o gesto resulta de pressão.
Primeiro o ministro José Múcio entra em cena defendendo o afastamento porque é óbvio que quanto menos marolas para o governo, que já tem alguns problemas, melhor. Depois, o PDT faz uma reunião de desagravo ao dirigente - e benfeitor, a contar pelas verbas liberadas aos correligionários por meio de convênios do ministério.
Em seguida, Lupi anuncia disposição de conversar com o novo presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, a quem confere a autoridade moral que não reconhecia no antecessor, Marcílio Marques Moreira.
Isso tudo como se o problema ainda fosse apenas um potencial conflito de interesses apontado, em maio faz um ano, pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Hoje a questão é de favorecimento de um partido, irregularidades na assinatura de convênios, malversação de dinheiro público, pois.
Portanto, estão todos se prestando ao desempenho de uma farsa, porque o caso agora é de acusações que apontariam para a conveniência da saída de Lupi, não da presidência do partido, mas do ministério.

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