29 de mar. de 2008

Venha para o mundo da Utopia

Por Cassio Curvo

"O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”"

Venha para o mundo da Utopia

Se parte da nossa esquerda não teve estômago para suportar o que ocorre no governo, boa parte dela se submeteu e se perdeu no apoio ao governo Lula, ludibriada pela simbologia que foi ter um operário como presidente da republica. O poder de persuasão disso calou quem antes era crítico feroz dos erros cometidos pelos administradores públicos. Participamos do momento em que essa avant-garde deforma e aceita um novo conceito de verdade e moral, assumindo como natural o tripudio deslavado e absurdo sobre todos e quaisquer argumentos, mesmo quando irrefutáveis, desde que ditos por membros deste governo de um operário. A mentira grosseira tornou-se aceitável e, sem o menor pudor, defendida veementemente como se uma verdade fosse.
Do “comício” de outro dia, com Chaves presente, daqueles dois púlpitos onde Lula e Chaves estavam, foi este quem pareceu "encabulado" com a mentira dita pelo nosso presidente. Lula conseguiu encabular – mesmo que ligeiramente – el pacificador venezuelano.
Como é possível Lula dizer tantas sandices? Idiota ele não é, sabe que está mentindo, mas continua nessa ininterrupta seqüência de mentiras porque existe uma conivência com isso. Os tão críticos de antes ficaram “cegos” por tudo o que ele diz.
Isso não vem de hoje. Desde a queda do muro de Berlim esses “sábios” se perderam no sentido da razão, vencida pelo sentimento ideológico. Como é possível uma conjectura se sobrepor à razão, tão óbvia nas contagens dos milhões de mortos que o socialismo realizou? Qual o motivo de toda essa cegueira?
Lembro-me de um programa numa dessas TVs a cabo, em que o assunto era a queda do muro de Berlim. Em um dos trechos do programa apareceu a entrevista de um alemão, um senhor de seus 80 a 90 anos que dizia ter lutado contra o nazismo e dedicado a vida ao comunismo. Finalizou seu depoimento dizendo que sentia como se tivesse jogado a vida fora. Creio que muitos não mudam de opinião por não admitir jogar no lixo o tempo de suas vidas que passaram defendendo algo que se mostrou equivocado.
Na América latina essa fé ideológica ainda não faz ver as mudanças que ocorreram no mundo. Enquanto uns – os perfeitos idiotas latino americanos – ainda imaginam que ser de direita é feio, os indivíduos que pensam racionalmente já não aceitam tão facilmente esse esquerdismo sem resultados práticos, que apenas acredita em uma "utopia".
O pior é que é tudo não passa de marketing puro, de um grande slogan, embora o produto seja ruim. Quem não se sujeitaria a um slogan como “a igualdade entre os homens”, tão bom como aquele “venha para o mundo de Malboro”, a utopia do cigarro, que mata milhares todos os anos, mas faz crer que ao fumar o consumidor será levado ao mundo maravilhoso.
Se algum dia a “igualdade entre os homens” não convencer mais, é provável que tenhamos um novo slogan: “venha para o mundo do socialismo!”

3 comentários:

Ralph J. Hofmann disse...

Essa descrição do saudosista vale para figuras até geniais com Jorga Amado e Garcia Marques.
Num dos livros de Zélia Gattai (acho que "Um chapéu para viajem", ela descreve Ilya Ehrenburg e Pablo Neruda rirem ante o romantismo de Jorge Amado chocado ante o óbviamente espúrio processo contra Artur London.
Mesmo assim Jorge Amado nunca renegou o comunismo, apesar de aproveitar as gostosuras da proximidade com o poder nos anos Sarney. Também valhe para o pulha Niemeyer.

ma gu disse...

Alô, caros

Cassio, a análise é lógica, e os defensores famosos, como lembrou o Ralph, preferem ficar naquela:
O socialismo é uma delícia, desde que me beneficie. O resto que sifu...
Os sinais de que vão nos submeter são tão claros!

Anônimo disse...

Mas que coisa... Estava lendo alguma coisa do Millôr, coisa antigas, uma entrevista com a Clarisse Lispector,e mais coisas quando ele se referiu aos socialistas, com nomes etc.
Arrematou: O socialismo é tão bom,tão bom, que Não pode existir.
Viu Ralph,a coisa pode não ser boa para todo mundo.
Mas certamente é boa para os "mais iguais".