24 de abr. de 2008

Base aliada de Lula se desfaz nas eleições de 2008

Por Chico Bruno

A política de alianças para as eleições municipais nas capitais está produzindo movimentos que a própria razão desconhece. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, consegue fechar uma aliança com Orestes Quércia e o PMDB, o que faz com que a ministra Marta Suplicy (Turismo), candidata do PT, líder nas pesquisas, pensar duas vezes na candidatura, pois uma derrota em 2008 inviabiliza o sonho de ser a candidata do partido em 2010 a sucessão de Lula.
Em Salvador, a coligação de partidos anti-carlistas, responsável pelas vitórias do prefeito João Henrique (PMDB), candidato à reeleição e do governador Jaques Wagner, se desfez, criando um clima de desconforto entre o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e o governador. Além de aumentar as chances, no caso soteropolitano, de ver um segundo turno disputado entre um carlista e um tucano, o que os obrigará a apoiar o tucano, que neste caso é parte da base de apoio a Wagner.
Em Belo Horizonte, o prefeito Fernando Pimentel (PT) colocou seu projeto pessoal acima do partido ao montar uma aliança com o governador mineiro Aécio Neves (PSDB) em torno de um candidato do PSB. Com isso, criou problemas com os demais partidos da base aliada de Lula nas Minas Gerais e, ainda, fez com que o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), candidato natural do PT a prefeitura da capital mineira, tirasse o time de campo.
Os movimentos eleitorais desse ano podem refletir em 2010, pois a base aliada de Lula, que já tem em Ciro Gomes (PSB) um candidato natural à sucessão de Lula, pode ir à disputa com mais de um candidato.
A situação não está tão ruim para a base aliada de Lula, porque do outro lado à oposição também está desunida nas eleições municipais das quatro principais capitais do país: Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.
Muitos analistas afirmam que o programa Bolsa Família, com 11 milhões de famílias atendidas, não irão faltar aos candidatos do espectro lulista, assim como os efeitos do PAC. Isso seria uma analise factível se Lula tivesse um único candidato em todas as capitais. Como isso parece distante, haverá uma pulverização desse eleitorado beneficiado pelos programas mais marcantes da administração Lula.
Por isso tudo, cresce em importância a eleição municipal. Ela é um ensaio para 2010. Lula sabe disso.
Daí dar tanta atenção as viagens pelo país, nas quais vem fazendo grandes comícios travestidos de solenidades de lançamento de obras do PAC.

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