Pode-se medir com diferentes instrumentos a estatura do debate político brasileiro de uns tempos para cá. Provavelmente um dos métodos mais confiáveis de aferição consiste em cotejar o que ocupa governo e oposição em Brasília com as questões dominantes da atualidade global. O desnível é abissal.
No exterior, ditam a ordem do dia problemas do porte das incertezas em torno da equação energética, com o petróleo a US$ 120 o barril, e da segurança alimentar no mundo. Já o tema candente que mobiliza as partes em confronto na arena federal são os aloprados esforços do Planalto para sumir com o escândalo do dossiê - a armação de que poderia perfeitamente bem ter se dispensado, se fosse menos tosco ao lidar com as pressões da fronda oposicionista pela divulgação dos gastos palacianos pagos com cartões corporativos na era Lula.
Como se recorda, a primeira reação do governo à revelação documentada de que fabricava o que pretendia que parecesse um rol de roupa suja da gestão Fernando Henrique nesse mesmo departamento - para tirar o gás das demandas da oposição - foi a de querer tapar o sol com peneira, negando tudo. Fracassada a bisonha tentativa, os planaltinos mudaram o disco: havia, sim, em preparo, uma base de dados para atender a uma exigência do Tribunal de Contas da União (TCU), o que o órgão mais do que depressa tratou de desmentir. Diante disso, brotou a versão de que o material - extraído do arquivo morto do Palácio - se destinaria a atender a uma eventual requisição da CPI dos Cartões (que nem sequer tinha sido criada quando uma força-tarefa de servidores públicos, instalada na Casa Civil da ministra Dilma Rousseff, deu início ao arrolamento. (leia a matéria completa no Estadão)
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