25 de abr. de 2008

Os bananeiros

Por Ralph J. Hofmann

Foi nos contos de O’Henry que se criou a expressão “Repúblicas de Bananas”. O escritor, fugitivo de uma condenação por fraude bancária no Texas, se escondeu em Honduras durante alguns anos por volta de 1895 e escreveu uma série de contos sobre ditaduras latino-americanas. Os contos mostravam claramente a corrupção existente nos governos da região. Mostravam também que, cada governo, por corrupto que fosse, começara como um governo de redenção que vinha desalojar o governo anterior. Sempre se falava de um governo mítico, nas brumas do passado, que, este sim, fora justo. E apresentava a próxima revolução ou golpe de estado, que, esta sim, traria a justiça ao país.
“Cabbages and Kings”, uma coletânea de contos em forma de romance dava um ciclo completo de golpe de estado, eleição de um redentor, corrupção do redentor, e finalmente da fuga do redentor e boa parte da fortuna nacional para uma vida de lazer na Paris da Belle Époque. Só faltou relatar o processo de derrocada moral do próximo governo.
Lembram do filme “Luar Sobre Parador?” Parece tirado da obra de O’Henry. Até os discursos do General-Presidente eram de opereta. A personagem de Richard Dreyfus em seus discursos declama trechos de “O Homem de La Mancha”, de discursos de Churchill, e de muitas obras da Broadway.
Mas o mais interessante é como estas obras retratam a pequenez de certos ungidos. Sua verdadeira preocupação é com o próprio umbigo. Sua estatura, seus discursos, que não espelham projetos senão a necessidade de manter a aprovação popular. Sua total aversão a realmente sentar o traseiro na sua mesa de trabalho e dirigir o país. “Aprés nous le déluge”. Após nós o dilúvio dizia Madame Pompadour. Ou seja, o que importava era o “agora”. Caberia a outros consertar as conseqüências da gastança e da ostentação.
O problema é que no século XXI as coisas acontecem mais rapidamente. Por outro lado são mais previsíveis.
Os bananeiros brasileiros saíram pelo mundo perdoando dívidas. Prontamente a;pareceu um vizinho e se serviu de uma fortuna em patrimônio brasileiro. Agora aparece um país que vive ha pelo menos duas gerações às custas de contrabandear quinquilharias para o Brasil, que joga ha cinqüenta anos o Brasil contra a Argentina para lucrar (lembrem que à época da construção de Itaipú houve uma espécie de leilão, Itaipú versus a associação com a Argentina para construir Apipê-Yaciretá. O Brasil bancou tudo, devolveu as bandeiras conquistadas na Guerra do Paraguai, e aceitou uma espúria culpa pela guerra começada por Solano Lopez, para conseguir construir Itaipú.), e que em todos os sentidos sempre recebeu apoio do Brasil, e reivindica um saque sobre o vizinho rico.
E um sátrapa do governo brasileiro vai e dá apoio a essas pretensões. Como outro sequaz apóia Hugo Chávez e Evo Morales.
Quem no governo brasileiro apóia o Brasil hoje? Quem apóia as pretensões brasileiras? O governo brasileiro está tão convicto de sua grandeza mundial que ninguém parece se preocupar com o Brasil. Só com as aparências.
Assim como os governantes hoje parecem se preocupar com o uso de relógios especiais comprados a peso de ouro em Nova Iorque, parecem se preocupar mais com a distribuição de óbolos aos vizinhos para serem vistos como grandes filantropos.
Filantropia começa em casa seus bananas!

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, Ralph.

Ainda bem que temos nosso historiador. O post ficou ótimo.
Já no dicionário petista não existe a palavra Filantropia. Ela foi substituida pela palavra Pilantropia.

Anônimo disse...

Caro Ralph:
Sem contar os inúmreos perdões aos africanos. E o Congresso Nacional, não poderia barrar esses acenos com o chapéu alheio?

Ralph J. Hofmann disse...

Magoo

Vamos institucionalizar teu neologismo. Vou adotar.

Ronaldo: A África foi só um solfejo do Tenor Lula Vagabarotto antes de iniciar a ópera.